Mariana Vieira da Silva lamentou, durante o período de declarações políticas, no Parlamento, que o setor da saúde seja, “pelas piores razões, uma das notícias centrais do país” e recuou a abril para lembrar o Plano de Emergência do PSD e do CDS que iria resolver todos os problemas em “60 dias”, mas “nem sequer as medidas urgentes e prioritárias foram plenamente executadas”.
A vice-presidente da bancada socialista falou também na “opacidade quanto aos números e aos resultados”, que não é notada apenas pelo PS: “O próprio grupo de trabalho que o Governo nomeou para avaliar o Plano de Emergência e Transformação queixa-se de falta de dados e de dados contraditórios”.
Mariana Vieira da Silva criticou a ação do Governo por todos os dias serem “reportados tempos de espera elevados na maioria dos hospitais” e por haver “casos de encaminhamento de grávidas e crianças para urgências encerradas”. “E temos um novo cenário, que é pessoas à porta das urgências de telemóvel na mão a telefonar para o SNS 24 para ver se são referenciadas e podem entrar”, lamentou.
“O Governo transferiu para a linha SNS 24 parte dos problemas de acesso” às urgências, mas “não diz qual é o tempo de espera real e quantas chamadas ficaram por atender”, comentou. Aqui, a socialista deixou uma certeza: “Quando toda a informação central para avaliar uma política pública é sistematicamente negada ou adiada, temos um padrão de comportamento”.
Ora, “conhecido este padrão de omissão que nos acompanha há 10 meses e até a manipulação de números muitos relevantes, torna-se difícil acreditar nas promessas de resolução dos muitos problemas que o setor enfrenta”, assegurou.
Instabilidade institucional é mais uma marca da governação
Mariana Vieira da Silva considerou ainda “mais preocupante” o que aconteceu no concurso para médicos, em que o Ministério da Saúde “mudou o modelo de recrutamento de forma precipitada e sem avaliar o que existia”, tendo já reconhecido que “correu mal”.
Perante este processo, a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS disse que fica a dúvida da “incompetência” do Governo, ou se se tratou apenas de uma forma de “garantir que as USF tipo C e o setor privado terão médicos sem vínculo ao SNS para poderem recrutar”.
Lamentando que a “única área das políticas de saúde que avança” seja a contratualização com privados, Mariana Vieira da Silva assinalou a “instabilidade institucional” como mais uma marca da governação do PSD e do CDS, da qual o INEM é um “exemplo paradigmático”.
A socialista criticou ainda a desvalorização da direção executiva do SNS e referiu que “hoje não é claro para ninguém qual é o seu trabalho no terreno”.