Saúde. «Não há SNS sem acesso universal e gratuito»
O secretário-geral do PS, José Sócrates, afirmou hoje no Fórum Saúde – “SNS Serviço Nacional de Saúde, Um direito, um dever”, no Porto, que “o Estado social é filho do Estado democrático de direito” e a proposta social-democrata que está em discussão põe em causa a “igualdade de oportunidades”.
“Está implícito em tudo o que foi dito, e que também foi assumido, que esta modificação constitucional mais do que uma simples modificação é um programa de Governo”, disse o primeiro-ministro.
Defendendo que os cidadãos não tenham que pagar de imediato os serviços prestados no SNS, Sócrates disse que “o acesso à saúde deve ser pago pelos impostos e de acordo com as possibilidades” de cada um.
A ministra da Saúde, Ana Jorge, criticou hoje, também no Porto, “os adversários do SNS não ousam dizer que querem acabar com ele, têm uma forma mais sofisticada de o colocar em causa, que é dizer que querem o SNS mas que este não pode ser gratuito”, afirmando que “não há SNS sem acesso universal e gratuito”.
A ministra lembrou que o SNS “nasceu por imperativo de justiça” e que “não há SNS sem acesso universal e gratuito”.
A ministra considerou ser “incompatível” ter um serviço público reduzido aos mínimos com uma sociedade “progressista e moderna”.
“Não podemos pactuar com qualquer visão que pretende criar dois níveis de cuidados de saúde, os quais se aplicam consoante a condição económica social de quem os utiliza”, frisou.
Também o ex-ministro da Saúde Correia de Campos afirmou que Passos Coelho quer “deixar morrer” o SNS e assenta este seu objectivo na ideia de que “a gestão privada seria sempre melhor que a pública”.
Correia de Campos disse ainda que Passos Coelho “adoptou uma deriva ideológica radical que o afasta dos portugueses e até mesmo da história e tradição dos social-democratas portugueses”.
“O que propõe não é a modernização, mas a destruição dos princípios que geraram o SNS”, concluiu.
O Fórum contou também com a presença de António Arnaut, considerado o “pai” do SNS, que foi aplaudido pelos presentes, e de Albino Aroso, o “pai” do planeamento familiar.