Respostas à Covid-19 ganham base cientifica mais sólida
“É importante encontrar uma metodologia que pudesse partilhar com a comunidade sobre qual é a sustentação científica dos riscos diferenciados, porque isso ajuda toda a gente a perceber as medidas adotadas e facilita a adesão. Sinto-me com ferramentas para ter um processo de decisão mais sustentado”, declarou o primeiro-ministro no final da reunião no Infarmed, que teve lugar esta segunda-feira, em Lisboa.
“O decisor político fica, a partir de agora, habilitado a ter uma base científica mais sólida para tomar as suas decisões”, disse o chefe do Governo após ter sido apresentado um plano de desconfinamento assente nos critérios e objetivos consensualizados pelas equipas de peritos das diferentes especialidades.
O primeiro-ministro agradeceu às equipas de especialistas que “apresentaram de forma diversa e tendencialmente convergente” o plano com um conjunto de critérios que “permitem mapear o processo de decisão” por parte do Governo.
Na sua declaração, o líder socialista elogiou o esforço e dedicação que os peritos realizaram para corresponder “ao apelo” que lançou há cerca de um mês, no sentido de encontrarem um consenso alargado por forma a clarificar os critérios para o novo plano de desconfinamento.
Fortes ameaças permanecem
Por seu lado, a ministra da Saúde, Marta Temido, alertou para o facto de, apesar da “tendência decrescente da pandemia” registada nas últimas semanas, permanecerem latentes “três ameaças”, designadamente o risco de transmissão, que “está novamente a subir”, a prevalência da chamada variante do Reino Unido ser superior a 60% e a diminuição da adesão da população às medidas de confinamento.
A ministra da Saúde sublinhou que o índice de risco de transmissibilidade (conhecido como Rt) “atingiu o valor mínimo de 0,61 em 10 de fevereiro” e regista uma nova trajetória de aumento, o que representa, segundo Marta Temido, “um sinal ao qual temos de estar atentos”.
A ministra alertou, ainda, para o facto de a variante do Reino Unido ser mais contagiosa e perigosa, pelo que a sua predominância no país é motivo de preocupação acrescida.
“A variante do Reino Unido, que, de acordo com estimativas realizadas no passado, constituía uma preocupação com tendência crescente, representará hoje 65% daquilo que são os casos de SARS-CoV-2 positivos no país. Atingimos uma representatividade acima de 60% não no momento de meados de fevereiro, como chegámos a estimar, mas agora, de acordo com os últimos números disponíveis”, adiantou Marta Temido.
Marta Temido referiu que os indicadores mostram que o nível de confinamento da população “tem vindo a reduzir-se” desde a “última semana de janeiro”, onde foram registados os valores mais altos, sendo que, desde então, “a situação tem vindo a alterar-se, com uma maior mobilidade da população” a nível nacional.
A ministra remeteu para a próxima reunião do Conselho de Ministros, que será realizado na quinta-feira, o anúncio de novas decisões, fazendo notar que “nenhuma das apresentações [realizadas pelos peritos na reunião] apresentou datas precisas”, mas sim “níveis específicos de atuação face à situação do contexto” nacional.
A ministra da Saúde referiu que os próximos passos passam por refletir e ouvir os agentes políticos sobre os dados mais recentes, alertando para a necessidade de não aligeirar nem tirar o foco sobre “as ameaças que continuamos a enfrentar”.
“Aquilo que se seguirá são os passos habituais de auscultação de partidos e de reflexão sobre os dados que hoje foram partilhados. O Conselho de Ministros da próxima quinta-feira irá apreciar todos os elementos e, oportunamente, comunicará as decisões”, referiu a ministra, para quem, alertou, “o que é relevante é que percebamos o contexto que temos e que nos leva a não perder de vista as ameaças que continuamos a enfrentar”.