Falando numa conferência de imprensa na residência oficial de São Bento, no passado sábado, ao lado do vice-chanceler e ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, o primeiro-ministro, António Costa, depois de elogiar o também candidato dos sociais-democratas alemães à sucessão de Angela Merkel nas próximas eleições gerais na Alemanha, deixou a garantia de que o cenário que envolvia alguns receios e dúvidas por parte dos portugueses sobre o euro “estão hoje ultrapassados”, frisando que este é um assunto sobre o qual existe uma grande “reconciliação no país”, insistindo, contudo, que a austeridade não é, nem pode ser “o caminho a seguir”.
Tal como recordou o primeiro-ministro, há seis anos a tese dominante era que Portugal tinha de seguir os pressupostos das políticas de austeridade, caso o país quisesse permanecer no euro, uma ideia, como salientou António Costa, que foi desmentida na prática e em absoluto pelo Governo do PS, que veio demonstrar que era possível estar no euro e ter “regras de finanças públicas sãs, capacidade de investimento público em áreas como no Serviço Nacional de Saúde, na educação, na ciência e no combate às alterações climáticas e boas políticas sociais”.
A este propósito, António Costa fez questão de lembrar uma vez mais que, antes da crise pandémica de Covid-19, Portugal tinha conseguido chegar ao primeiro excedente orçamental da sua história democrática, o que só foi possível alcançar, segundo o primeiro-ministro, “virando a página da austeridade”, um ponto que mereceu aliás rasgados elogios ao vice-chanceler e ministro das Finanças germânico, que na ocasião se referiu ao percurso económico e financeiro percorrido por Portugal nos últimos seis anos, declarando ter sido mesmo “uma história de sucesso”, quer do lado orçamental, como assinalou, quer dos “lados do investimento e da coesão social”.
Relações proveitosas
Nesta conferência de imprensa ao lado do vice-chanceler alemão, o primeiro-ministro fez também questão de destacar as “relações proveitosas” que existem entre Portugal e a Alemanha, que segundo António Costa têm sido igualmente úteis para o conjunto da União Europeia, lembrando que, apesar de se tratar de dois países com dimensões muito diferentes, com “estruturas económicas e posicionamentos em pontos geográficos também diferentes no continente” apresentam, contudo, uma “longa tradição” de trabalho conjunto, uma “compreensão mútua”, e sobretudo um “comum espírito europeu”.
Já na parte final da sua intervenção, o primeiro-ministro lembrou ainda o papel decisivo desempenhado por Olaf Scholz para que a União Europeia tivesse conseguido desta vez responder “de forma diferente das respostas que deu nas crises anteriores”, defendendo que a Europa sempre precisou, para enfrentar esta crise como para todas as outras, de uma “resposta comum” por parte dos 27 Estados-membros, também a nível orçamental, “para salvar empregos e empresas”.