Reedição dá vida ao pensamento de Mário Soares
João Soares salientou que o livro, originalmente publicado em França, em 1972, constitui uma marca histórica da resistência à ditadura, afirmando que a sua reedição “dá vida” ao pensamento do seu pai.
“Este livro é uma das marcas mais singulares do século XX em Portugal, já que se constitui como uma História da resistência à ditadura”, declarou João Soares, numa intervenção em que enalteceu o papel de Francisco Pinto Balsemão na iniciativa.
“Esta reedição do livro vai dar vida ao pensamento do meu pai. Esta é uma das mais importantes e significativas homenagens que se podem prestar ao meu pai, que queria reeditá-lo”, acrescentou.
Eduardo Ferro Rodrigues, por seu turno, evocou as diferentes visões de resistência à ditadura que coexistiram, nomeadamente no meio académico, que testemunhou e protagonizou no final da década de 60 e início de 70, para concluir que a história veio a dar razão à que era defendida por Soares.
“Hoje, lendo o Portugal Amordaçado, verifica-se que entre todos os protagonistas da intervenção política nos últimos 50 anos, Mário Soares foi o mais coerente, o mais consequente e, mais importante, o mais vitorioso”, afirmou o presidente da Assembleia da República.
Também intervindo na cerimónia, o Presidente da República considerou que o lançamento do livro, em 1972, foi o passo decisivo no caminho da afirmação de Mário Soares como líder partidário autónomo e com um ideário europeísta.
“Este livro foi um passo decisivo no caminho da afirmação de Mário Soares como líder partidário autónomo determinante no futuro contexto democrático europeísta, que viria a nascer do fim do regime e o fim do Império. O livro tem um duplo significado: É o retrato de um passado e a projeção de um futuro inexorável”, frisou.
“O que Portugal deve a Mário Soares é incomensurável e reconhecê-lo é um imperativo nacional. Ele foi o maior e o melhor de todos” como lutador pela liberdade e construtor do regime democrático, declarou ainda o atual chefe de Estado.
Nas primeiras filas da plateia, na Fundação Calouste Gulbenkian, estiveram ainda o presidente e líder parlamentar do PS, Carlos César, o histórico socialista Manuel Alegre, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, e o presidente do Conselho Económico de Social, António Correia de Campos, entre muitas personalidades.
Depoimento sobre os anos do fascismo, “Portugal Amordaçado” foi escrito por Mário Soares no exílio e originalmente publicado em França, em 1972, tendo sido proibida a sua edição e circulação em Portugal. A primeira edição portuguesa teve lugar em 1974, nunca tendo sido reeditada e encontrando-se esgotada.
A nova edição do “Portugal Amordaçado”, que foi coordenada pelo jornalista Henrique Monteiro, vai ser gratuitamente distribuída pelo “Expresso” a partir do próximo dia 22, em sete volumes, com apresentação de Alfredo Barroso e prefácios de José Manuel dos Santos, Clara Ferreira Alves, José Pedro Castanheira, João Soares e Isabel Soares, António Costa Pinto e Henrique Monteiro.