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Reedição dá vida ao pensamento de Mário Soares

Reedição dá vida ao pensamento de Mário Soares

A Fundação Calouste Gulbenkian foi ontem palco do lançamento da reedição do livro “Portugal Amordaçado”, obra fundamental na bibliografia de Mário Soares, numa sessão que contou com intervenções do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, do fundador do semanário “Expresso” – que teve a iniciativa da reedição da obra – e antigo primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão, e ainda de João Soares e Isabel Soares, filhos do ex-chefe de Estado e fundador do PS.
Reedição dá vida ao pensamento de Mário Soares

João Soares salientou que o livro, originalmente publicado em França, em 1972, constitui uma marca histórica da resistência à ditadura, afirmando que a sua reedição “dá vida” ao pensamento do seu pai.

“Este livro é uma das marcas mais singulares do século XX em Portugal, já que se constitui como uma História da resistência à ditadura”, declarou João Soares, numa intervenção em que enalteceu o papel de Francisco Pinto Balsemão na iniciativa.

“Esta reedição do livro vai dar vida ao pensamento do meu pai. Esta é uma das mais importantes e significativas homenagens que se podem prestar ao meu pai, que queria reeditá-lo”, acrescentou.

Eduardo Ferro Rodrigues, por seu turno, evocou as diferentes visões de resistência à ditadura que coexistiram, nomeadamente no meio académico, que testemunhou e protagonizou no final da década de 60 e início de 70, para concluir que a história veio a dar razão à que era defendida por Soares.

“Hoje, lendo o Portugal Amordaçado, verifica-se que entre todos os protagonistas da intervenção política nos últimos 50 anos, Mário Soares foi o mais coerente, o mais consequente e, mais importante, o mais vitorioso”, afirmou o presidente da Assembleia da República.

Também intervindo na cerimónia, o Presidente da República considerou que o lançamento do livro, em 1972, foi o passo decisivo no caminho da afirmação de Mário Soares como líder partidário autónomo e com um ideário europeísta.

“Este livro foi um passo decisivo no caminho da afirmação de Mário Soares como líder partidário autónomo determinante no futuro contexto democrático europeísta, que viria a nascer do fim do regime e o fim do Império. O livro tem um duplo significado: É o retrato de um passado e a projeção de um futuro inexorável”, frisou.

“O que Portugal deve a Mário Soares é incomensurável e reconhecê-lo é um imperativo nacional. Ele foi o maior e o melhor de todos” como lutador pela liberdade e construtor do regime democrático, declarou ainda o atual chefe de Estado.

Nas primeiras filas da plateia, na Fundação Calouste Gulbenkian, estiveram ainda o presidente e líder parlamentar do PS, Carlos César, o histórico socialista Manuel Alegre, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, e o presidente do Conselho Económico de Social, António Correia de Campos, entre muitas personalidades.

Depoimento sobre os anos do fascismo, “Portugal Amordaçado” foi escrito por Mário Soares no exílio e originalmente publicado em França, em 1972, tendo sido proibida a sua edição e circulação em Portugal. A primeira edição portuguesa teve lugar em 1974, nunca tendo sido reeditada e encontrando-se esgotada.

A nova edição do “Portugal Amordaçado”, que foi coordenada pelo jornalista Henrique Monteiro, vai ser gratuitamente distribuída pelo “Expresso” a partir do próximo dia 22, em sete volumes, com apresentação de Alfredo Barroso e prefácios de José Manuel dos Santos, Clara Ferreira Alves, José Pedro Castanheira, João Soares e Isabel Soares, António Costa Pinto e Henrique Monteiro.