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Recuperação não se fará só com um Orçamento

Recuperação não se fará só com um Orçamento

A ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, afirmou hoje que o Governo combaterá a crise resultante da pandemia com recursos e instrumentos que são “inéditos”, advertindo, no entanto, que a recuperação do país não se fará num só ano nem com apenas um só Orçamento.
Recuperação não se fará só com um Orçamento

A mensagem foi transmitida por Mariana Vieira da Silva no encerramento do debate sobre o estado da Nação, na Assembleia da República, num discurso em que se referiu à forma como o Governo respondeu ao choque provocado pela pandemia de Covid-19 e em que procurou definir os desafios que se colocam ao país em termos de recuperação económica e social.

“Com o histórico acordo aprovado no Conselho Europeu no início desta semana estão criadas as condições para que a resposta à crise seja apoiada por instrumentos e recursos inéditos. Inédito na sua forma e inédito na sua dimensão. Inédito também na responsabilidade que nos traz a todos”, defendeu.

A ministra de Estado e da Presidência avisou que o Governo não pode garantir que o país não atravessará “tempos difíceis, tempos em que o emprego e os rendimentos das famílias sejam afetados, tempos em que as exportações se ressintam ou algumas empresas não resistam”. “Mas podemos garantir – o que aqui garantimos hoje – é que responderemos à crise com políticas que a contrariam e não que a agravem. Que sairemos da crise com políticas que combatam a pobreza e as desigualdades. Com políticas que reforcem os serviços públicos e não que os apouquem e asfixiem”, contrapôs.

Na sua intervenção, Mariana Vieira da Silva sublinhou que, perante uma situação inédita de pandemia e dos seus impactos, o Governo apresentou “uma visão e sabe o que quer para o país na saída desta crise”.

“Temos os recursos para fazer os investimentos necessários. Os investimentos que permitirão apostar nas qualificações dos portugueses e tornar a nossa economia mais competitiva e mais inovadora, mais ambientalmente sustentável e mais preparada para um futuro digitalizado”, sustentou. Neste contexto, Mariana Vieira da Silva sublinhou que “há um caminho de recuperação para fazer, um caminho que não durará apenas um ano e não se fará com um orçamento”.

Serviços públicos estiveram à altura

No plano político, a ministra não deixou de referir que a resposta que os serviços públicos do país provaram face à crise pandémica mostrou bem o quanto se equivocaram todos aqueles que questionavam a capacidade e a importância do Estado.

“Nos últimos anos – e, estranhamente, hoje mesmo – ouvimos o sistemático ataque às virtudes e capacidades do Estado e dos serviços públicos. O que aconteceu ao longo dos últimos meses foi o oposto do que vaticinava a direita: os serviços públicos em Portugal estiveram à altura de uma crise sem precedentes”, disse.

“A crise pandémica abalou os mais fortes e antigos serviços públicos de saúde, e devemos dizer com humildade e responsabilidade, mas também com orgulho, que poucos fizeram melhor do que o SNS português”, afirmou, realçando também a resposta da escola pública com um regime de ensino à distância e uma plataforma de estudo em casa.

No caso da Segurança Social, a ministra apontou que foi possível apoiar as famílias no encerramento das escolas, “prorrogando excecionalmente prestações sociais e assegurando a proteção social de todos os que não a tinham”.

“Mas também protegendo o emprego de mais de 850 mil trabalhadores e apoiando mais de 109 mil empresas que, de um dia para o outro, foram encerradas ou tiveram a sua atividade reduzida por força do confinamento que vivemos”, afirmou.

Sublinhando que o país se deparou com uma crise “inédita na dimensão e na transformação radical na vida de todos”, Mariana Vieira da Silva, apontou que “foi preciso aprender enquanto se decidia”, “corrigir e aperfeiçoar” em tempo real, num processo que foi muito exigente e não isento de erros.

“Mas podemos ter orgulho na capacidade de resposta do país, dos portugueses e dos serviços essenciais, como a saúde, as forças de segurança, trabalhadores das instituições sociais, setor dos transportes, distribuição e agricultura”, concluiu.