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RECOMEÇAR, ONDE O POVO DECIDIU

RECOMEÇAR, ONDE O POVO DECIDIU

O povo votou. Em eleições livres, umas vezes ganha-se, outras vezes perde-se. Desta vez, o PS não tem maioria e não tem condições para congregar uma maioria parlamentar e social funcional para governar o país. Não há maioria à esquerda e entrar no jogo da AD seria trair o nosso programa, as nossas propostas e a nossa base social de apoio. Em coerência – como, aliás, fizemos em 2015, sob a liderança de António Costa – não vamos inviabilizar a governação de quem ficou em primeiro lugar sem termos condições para oferecer uma solução alternativa. Vamos, pois, ser oposição: respeitamos o papel que o povo nos deu. Em democracia, ser oposição é uma função nobre e decisiva. O Secretário-Geral do PS, Pedro Nuno Santos, deixou isso muito claro logo na noite eleitoral: seremos oposição, não deixaremos esse papel para a extrema-direita, e é na oposição que vamos reconstruir a nossa relação com os portugueses a quem devemos a construção diária deste país.

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Acção socialista

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O «Ação Socialista» é o jornal oficial do Partido Socialista, cuja direção responde perante a Comissão Nacional. Criado em 30 de novembro de 1978, ...

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Opinião de:

Porfírio Silva

O aspeto mais positivo destas eleições legislativas foi termos feito recuar ainda mais a abstenção e termos conseguido uma participação eleitoral acima dos padrões dos últimos anos. Independentemente do resultado, esse é um vetor indiscutivelmente positivo desta dinâmica e temos de trabalhar nessa base para aprofundar o nosso regime onde o povo é quem mais ordena.

A direita acede à oportunidade de governar em condições económicas e financeiras excecionais: há problemas difíceis para resolver (como o PS afirmou, sem tibieza, na campanha), mas a governação socialista deixou os meios e as oportunidades para permitir a sua superação: não apenas os recursos, mas também os instrumentos. Em muitos casos, a direita só tem que não estragar e deixar que se continue a implementar o que deixamos em movimento. Vamos lá ver se a cegueira ideológica não os impede de entender isso.

Depois de termos assumido responsabilidades em tempos excecionalmente desafiantes, com uma pandemia que ultrapassou em risco de saúde tudo o que qualquer humano vivo conhecera e com uma guerra na Europa que julgávamos impossível e causou uma crise inflacionária que não testemunhávamos há décadas, a direita acede ao poder com uma situação económica em que temos mais liberdade face aos mercados financeiros, com uma inflação a retomar a normalidade, com uma população mais qualificada para ajudar o país a dar um salto em frente e com os recursos para resolver problemas complexos e aflitivos para muita gente – como na habitação, onde o esforço de longo prazo, feito pelo PS, permitirá agora muitas inaugurações…

Quer isto dizer que não cometemos erros? Cometemos, certamente. Não seria capaz de fazer aqui uma lista dos mesmos. Desde logo, porque me falta sabedoria para tanto, mas, igualmente, claro, porque ter feito parte do número dos que erraram não me ajuda nessa tarefa… De qualquer modo, e porque esta foi uma eleição para deputados e deputadas à Assembleia da República, assinalo, neste capítulo, o seguinte. Convém nunca desvalorizar o papel de reais representantes dos povos e dos territórios que todos os deputados são. Alguns deputados podem não ser brilhantes a discursar, podem não ser mestres de retórica e, por isso, não acederem ao reconhecimento mediático, mas todos, e no seu conjunto, conhecem as suas terras, as suas gentes, as disfunções que atrapalham a nossa vida coletiva, as insuficiências opacas dos serviços, as revoltas e injustiças sofridas ou percebidas – e, assim sendo, os parlamentares mereciam ser ouvidos com mais atenção e com mais cuidado, num país onde a mediatização excessiva do processo político favorece a excessiva governamentalização da ação política e uma subalternização indevida da função parlamentar. A reconciliação do povo com a política, com a democracia e com os socialistas, de que falou apropriadamente o Secretário-Geral do PS na sua claríssima intervenção na noite eleitoral, também passará por aí, é minha convicção. Não parece desadequado dizê-lo quando se prepara uma nova legislatura.

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