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Racismo: “Fizemos a descolonização, mas temos de descolonizar narrativas”

Racismo: “Fizemos a descolonização, mas temos de descolonizar narrativas”

Isabel Moreira

A deputada do PS Isabel Moreira defendeu hoje a consagração do dia 21 de março como Dia Nacional para a Eliminação da Discriminação Racial. “O racismo não nasceu hoje. O racismo tem uma matriz histórica de construção de relações de poder e de doutrinação apostada na eliminação do valor intrínseco da pessoa racializada”, começou por afirmar, durante a apresentação em plenário do projeto de resolução do PS para esse efeito.

“É nosso dever reconhecer que o fenómeno existe. É nosso dever constitucional não escamotear qualquer forma de discriminação”, disse ainda a parlamentar, que garantiu que a iniciativa tem efetivamente algum simbolismo. “O simbólico tem uma dimensão essencial e este dia permite-nos dar centralidade a um tema que – admitamos – não tem a centralidade devida nas nossas agendas partidárias”, reconheceu. E pediu um olhar para dentro do Parlamento, para justificar que ainda muito há a fazer. “Olhem para esta câmara. Eu sinto o embaraço de a mesma não refletir a sociedade portuguesa”, lamentou. “Ouçam as pessoas racializadas e a sua experiência diária de racismo interpessoal e institucional”, apelou.

Isabel Moreira assegurou ainda que “Portugal não é, para milhares de pessoas, o país dos brandos costumes”. “É o país que julga diferenciadamente, que prende diferenciadamente, que empurra para guetos sociais quem, também no emprego, não chega longe por causa da cor da sua pele. Nascer em Portugal não chega para ser português”, refletiu, atestando que estas matérias não são um mito. “Fizemos a descolonização, mas temos de descolonizar narrativas”, assumiu, defendendo a aposta em projetos piloto na educação contra o racismo e a preparação das gerações futuras para uma sociedade não racista.