“Portugal não quer ser apenas um país de serviços de baixo valor acrescentado. Não, nós queremos estar no topo. Acreditamos em nós e queremos que a União Europeia também acredite”, afirmou o Secretário-Geral do PS.
Numa intervenção muito aplaudida por largas centenas de militantes e simpatizantes, o líder socialista defendeu que “Portugal precisa de ser parte ativa nas transformações políticas e económicas que a União Europeia tem de fazer”, atendendo às suas “competências únicas” no espaço comunitário.
“Nós conseguimos produzir energia mais barata do que o centro da Europa”, declarou, numa referência às reservas de lítio do país que, lembrou, “são das maiores da Europa”.
“Portugal tem competências empresariais, científicas e tecnológicas que nos permitem ascender a mais e esse é um trabalho que se faz no quadro nacional, mas também no europeu”, precisou, recusando um desenvolvimento centralizado apenas na Alemanha ou na França.
“Queremos um desenvolvimento económico harmonioso em toda a Europa”, contrapôs, sublinhando de seguida a importância de desenvolver “uma política industrial europeia, com financiamento comum europeu e com verdadeira articulação para que o desenvolvimento não se concentre no centro”.
Reafirmando que “Portugal tem condições únicas – haja líderes políticos nacionais e europeus que percebam o potencial que este povo e este país têm -”, Pedro Nuno Santos advogou em favor de “uma Europa industrial”, que não esqueça a “Europa social” e que, entre outras prioridades, promova uma política comum de habitação baseada na oferta pública.
Torrente de medidas que não põem a economia a crescer
Já no plano da política interna, Pedro Nuno Santos criticou veementemente o executivo de Luís Montenegro por estar “a fazer o Orçamento do Estado durante a campanha para as europeias”, enfatizando que o problema da atual governação de direita “não é nem a quantidade nem a velocidade a que apresentam medidas”, mas sim “a qualidade das novas medidas que apresentam e que são erradas”.
Neste ponto, o Secretário-Geral lamentou que o primeiro-ministro fuja a falar de economia.
“Uma torrente de medidas, zero sobre como pôr a economia a crescer”, criticou.
Sobre a publicitada vontade negocial da direita no poder, o líder do PS foi perentório no desmentido, denunciando, mais uma vez, a estratégia de simulação em curso.
“Que ninguém se engane: não há qualquer procura de diálogo sério com a oposição, pelo menos connosco com não há”, indicou, dando como exemplos as medidas sobre a habitação e sobre a política migratória.
Perante esta reiterada “simulação de diálogo com a oposição”, Pedro Nuno Santos defendeu ser “verdadeiramente importante” que o PS vença a próxima contenda eleitoral.
O Secretário-Geral socialista apontou que a luta é a mesma, seja em Portugal, seja em Bruxelas, reiterando com clareza que “ser socialista ou ser AD não é a mesma coisa”.
“Eles perderam a vergonha”, declarou, deixando um apelo ao voto no próximo domingo.
“Dia 9 temos de ir votar”, disse, destacando mais uma vez que PS e direita veem a vida de uma “forma diferente”, algo que, pontualizou, é evidente e notório por estes dias.
Já no arranque da intervenção, Pedro Nuno Santos elogiara a “relação de profunda empatia e humildade” que Marta Temido mantém com os portugueses, algo que não acontece com os seus oponentes.
Rebatendo as críticas que têm vindo da AD a propósito sua presença diária nas ações de campanha, Pedro Nuno Santos sublinhou a sua qualidade de líder de um Partido unido e coeso.
“Há uma coisa que os nossos adversários ainda não perceberam sobre nós: o PS é uma comunidade onde todos se mobilizam para apoiar todos”, afirmou, garantindo que “ninguém anda aqui sozinho” e que o combate do Partido Socialista contra o racismo, contra a xenofobia e pela igualdade é e será também uma constante “sem tréguas”.
“Um socialista nunca hesita, nunca hesitou na luta pela liberdade e pela paz”, reforçou, dando como exemplos a Ucrânia e a Faixa de Gaza.
Plano da saúde em urgência privada
Tocando em outro tema central para os socialistas, o Secretário-Geral do PS perguntou ao Governo se alguma empresa privada na área da consultoria esteve envolvida na elaboração do plano de emergência para a Saúde, como foi contratada e a que informação do Serviço Nacional de Saúde teve acesso.
“Há uma pergunta que, já agora, gostaria de fazer ao Governo: se este plano de emergência da saúde foi construído pelo Ministério da Saúde em parceria com alguma empresa privada”, questionou o líder socialista já na reta final da sua intervenção.
Segundo assinalou, “aparentemente uma empresa de consultoria privada participou nas reuniões de consulta a várias entidades, privadas e públicas”, e não se sabe “até que ponto esteve também na conceção do plano de emergência da saúde”.
Por isso, antes de concluir, exigiu que todas as informações sobre este processo sejam facultadas no absoluto respeito pela “transparência que sempre se exigiu e se exige sistematicamente ao PS e à governação do PS”.