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“Queremos que se melhore o trabalho de análise da educação em Portugal”

“Queremos que se melhore o trabalho de análise da educação em Portugal”

“Os rankings são ocasião para um confronto de ideologias, mas isso não nos incomoda, porque é assim a democracia. Não defendemos que se deixem de divulgar os dados que originam os rankings, o que queremos é que se melhore o trabalho de análise da educação em Portugal”, defendeu hoje o deputado socialista Porfírio Silva numa declaração política sobre educação, a propósito do debate suscitado em torno da última edição do chamado ‘ranking das escolas’.

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Lamentando que haja quem use os rankings como “propaganda, ou como arma de arremesso, por exemplo das escolas privadas contra a escola pública”, caindo na “‘armadilha’ de ignorar a diferença entre dados, informação e conhecimento”, Porfírio Silva entende que só é possível chegar ao conhecimento “se formos capazes de mobilizar dados e informação para compreender, para construir respostas a desafios bem identificados, para tomar decisões relevantes”.

É nesse sentido que “ao longo dos anos muito trabalho tem sido feito para melhorar os métodos de análise e para evitar simplificações perigosas em torno dos rankings”, sublinhou o deputado, apontando o exemplo do indicador “Percursos Diretos de Sucesso”, construído com base em informação disponibilizada pelo Ministério da Educação desde há dois anos, como um “indicador robusto porque combina avaliação interna e externa, que leva em conta o nível dos alunos que cada escola recebe à entrada do ciclo, indicador que não premeia a retenção”.

“E importa sublinhar isto, porque o Ministério da Educação não se limita a recusar um ranking cego de exames; o Ministério da Educação trabalha para acrescentar inteligência a este exercício público, para que os rankings não reforcem práticas pedagógicas erradas e, isso sim, promovam a missão educativa global das escolas”, defendeu o coordenador dos deputados socialistas na Comissão de Educação e Ciência.

Não aceitamos que rankings que sejam instrumento de facilitismo

Nessa direção, Porfírio Silva apontou o exemplo de um “ranking de sucesso”, elaborado por um site de notícias com base nos dados do Ministério da Educação e inspirado nos Percursos Diretos de Sucesso, que, ao permitir uma leitura interativa da lista, revela a existência de um “número importante de escolas muito bem colocadas no ranking dos exames e cujo retrato é muito menos favorável no ranking do sucesso”.

“Escolher olhar preferencialmente para os exames é desvalorizar a maior fatia da avaliação, que é a avaliação interna, e também é olhar exclusivamente para a dimensão cognitiva, desvalorizando as dimensões de valores e atitudes”, defendeu o deputado, considerando que “as métricas não são neutras” e rejeitando que estas “menorizem as escolas que remam contra as desigualdades injustas”.

“Não queremos métricas míopes”, defendeu, justificando: “Porque não aceitamos que os rankings sejam um instrumento de facilitismo, nem um olhar curto e imediatista sobre matérias tão sérias”.

Para Porfírio Silva, o que é preciso é “saber porque é que a escola pública ainda não consegue vencer as desvantagens socioeconómicas e culturais de partida”; “porque é que tantos alunos não concluem o Secundário na idade de referência”, ou o que diferencia “as escolas que têm sucesso a enfrentar contextos adversos e a dar o melhor do mundo aos seus alunos” daquelas que não o conseguem.

“Dar informação pública sobre as aprendizagens? Sim, mas respeitando o trabalho que é feito pelos alunos como pessoas, não apenas como examinandos; respeitando o que se faz em todas as dimensões da aprendizagem e não apenas nas disciplinas com exame”, rematou o deputado.