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Opinião: Quatro notas sobre o futuro

  1. Os tempos que vivemos dizem-nos muito da importância que a comunicação social tem hoje na vida das comunidades. Não há dia em que se não anuncie a catástrofe, em que se não antecipe o fim do mundo provocado pelas agências de rating, em que se não indique uma sanção severa por parte de um qualquer ente externo que nos vira por em ordem. Acontece que basta andar na rua para negar esse alarmismo, para contrariar essa vontade de um outro “fantasma”.

    E o que impede que se concretizem as aspirações de tantos pessimistas militantes? Há só uma razão – a normalidade na vida diária, a ausência de repreensão e de sentido de culpa.

    Os problemas resolveram-se todos? Não! Mas é melhor enfrentá-los com esperança do que os viver com “pecado”.

  2. O crescimento económico parece estar a aparecer, mesmo que lento e tímido. Há quem debite que é lamentável que o país não tenha indicadores como os da Irlanda, ou se aproxime dos de Espanha. Desconhecimento puro. A Irlanda é uma espécie de “barco do amor” dos efeitos subterrâneos dos mercados financeiros americano e inglês. Não se compara ao nosso retângulo. Espanha é o tal Estado que recusou a troika, enfrentou a burocracia de Bruxelas e tratou do setor financeiro. Apesar da mediocridade de Rajoy a economia não viveu com um governo de “calcinhas na mão” como o de Pedro Passos.
  3. Fala-se muito que não há investimento, que as exportações estão a abrandar. Vejo que Rui Ramos ou Helena Matos, em fandango com Gomes Ferreira, se aquietam cegos perante o país. Há pouco investimento público, sim! Mas os fundos comunitários começam a aparecer e isso é relevante. Há ainda reduzido investimento privado, mas há muito que não tínhamos indicadores de perspectiva, que indicassem novos interesses nacionais e estrangeiros, como hoje. E quanto às exportações, efeitos dos mercados de Angola e Brasil, os megafones gostariam que houvesse logo “mercados de substituição” que anulassem as perdas. Mas abrir mercados é mais que o mero folclore “pauloportista”.
  4. O défice de 2016 e o orçamento de 2017 estavam destinados a ser a desgraça. O governo não conseguiria cumprir os objetivos, nada do que havia acordado se cumpriria. Eu que sou um colecionador de lupas pensei em emprestar algumas a Ferraz da Costa ou a Medina Carreira. Até agora as contas só nos dizem que é preciso manter o açaime nos gastos, mas que se conseguirá o objetivo (abaixo dos 3%) desde que a salvação dos bancos não nos estrague, novamente, o desempenho. E quanto ao orçamento de 2017 foi sorrir a bom sorrir quando o Presidente da República anunciou que nem haveria crise nem haveria rejeição das contas para os 365 dias que aí virão.

Esta “história” do “vem lobo” está a cansar os portugueses. E se doutos protestantes, que acima referimos, se preocupassem mais em arranjar um substituto para a liderança laranja? Podiam mesmo permitir uma acumulação à Prof. Assunção Cristas, sempre se poupava em tempo de notícias e a música seria mais agradável de ouvir.