“Que toda a gente mobilize toda a gente, apelando à sua inteligência. Desperdiçar votos à esquerda é fortalecer a agenda daqueles que não gostam do 25 de Abril. Concentrar votos no PS é criar as condições para que o Governo que vai sair das próximas eleições seja um Governo que esteja à altura do prestígio, das necessidades e da força de Portugal”, afirmou Santos Silva, que marcou ontem presença, em Setúbal, na campanha socialista para as Legislativas.
Numa intervenção muito crítica da governação de Luís Montenegro, o antigo presidente do parlamento vincou que país precisa de um “Governo e não de uma comissão eleitoral”, como aconteceu no último ano.
“Foram 11 meses de comissão eleitoral, 11 meses de esbanjar o dinheiro que a gestão financeira prudente do PS tinha permitido acumular, não para fazer reformas ou acautelar o futuro, mas sim para tentar calar os grupos ou interesses mais vocais”, apontou, considerando que “isto não é governar” e que “é preciso ajudar” Luís Montenegro “a transformar-se em ex-primeiro-ministro”.
Augusto Santos Silva sublinhou que o país não precisava destas eleições neste momento nem que “o problema do primeiro-ministro paralisasse a vida” nacional, dizendo-se perplexo por ouvir Luís Montenegro afirmar que o único voto útil para a estabilidade é na AD, quando as eleições de domingo vão acontecer porque o Governo “forçou a sua própria queda” por causa “de um problema pessoal”.
“Vários partidos podiam reclamar para si a estabilidade, mas há uma coligação que não pode que é a AD”, afirmou.
O também antigo ministro dos Negócios Estrangeiros evocou ainda a sua experiência, enquanto chefe da diplomacia portuguesa, para lamentar a ausência da voz do país no cenário internacional, lembrando que o anterior primeiro-ministro “era chamado frequentemente a consultas com os seus colegas porque a palavra de Portugal contava”.
“A política externa portuguesa existia e não se ia jogar golfe nos dias em que se devia estar em Bruxelas”, atirou.
Para Augusto Santos Silva, o importante é que, no dia 18, ninguém abdique de que a sua voz conte e que ninguém deixe de ir votar. “Quanto mais gente votar, mais força terá o PS”, vaticinou. E assim poderá haver, concluiu, um Governo competente e que “saiba estar atento à Europa e ao mundo”.