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Quando um Governo está esgotado, a responsabilidade do Presidente aumenta

Quando um Governo está esgotado, a responsabilidade do Presidente aumenta

O líder parlamentar do PS avisou hoje que a responsabilidade do Presidente da República aumenta quando existe um Governo esgotado, e acusou Passos Coelho e Paulo Portas de serem “os gémeos siameses da austeridade”.

Eduardo Ferro Rodrigues, que falava no encerramento do debate na generalidade da proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2015, afirmou que as conclusões que podem ser tiradas desde 2011, com a entrada deste Executivo em funções, “são relativamente simples, apesar da complexidade dos tempos que vivemos: falhou a estratégia; falhou a tática; falharam as medidas; foram os adversários proclamados que permitiram limitar os danos da estratégia errada; a confusão na atual maioria, desde os irreversíveis tempos do verão de 2013, nunca tinha voltado ao patamar em que está hoje, o patamar da ‘salgalhada’”.

Alertou que este Orçamento é “desresponsabilizador e pouco responsável, feito sem ouvir os avisos de ninguém, em que o pouco que lá está de positivo foi proposto a contragosto por imperativo do Tribunal Constitucional, e não por iniciativa do Governo. Um Governo sem coragem de assumir erros e muito menos com capacidade para aprender com eles. Isto é que é irrevogável”.

O presidente da bancada socialista afirmou, depois, que “a única coisa que ficou como irrevogável foi que o PSD e CDS, Dr. Passos e Dr. Portas, são os gémeos siameses da austeridade. Estão condenados a ir até ao fim juntos e a prestar, juntos, contas aos portugueses”.

“Cada dia em que este Orçamento e este Governo estejam em vigor é mais um dia de aumento da desconfiança. Dia a dia, a democracia vai perdendo vigor, os populismos avançam. Quando um Governo está esgotado e esgota Portugal, a responsabilidade do Presidente aumenta. E não é do futuro do Governo que se começa a tratar, mas do futuro do regime democrático”, sustentou.

Ferro Rodrigues defendeu, depois, que é neste contexto “que se deve colocar a questão do calendário eleitoral para 2015. Fora de quaisquer interesses mesquinhos, individuais ou partidários, mas assumindo que para o regime democrático faria toda a diferença a disputa de eleições legislativas com tempo para formar uma solução governativa forte e que devolva a esperança ao país. Há que preparar com tempo o Orçamento de 2016. Um Orçamento capaz de ser um primeiro passo para mobilizar Portugal”.

“Como não surtiu efeito a tentativa de atrelar o PS ao comboio da austeridade empobrecedora, como não conseguiram pôr o PS a participar nesta farsa de desinformação e contrainformação, nada melhor que remeter para o próximo Governo as trapalhadas. Chama-se a isto desresponsabilização”, acusou.