“PSD parece estar num processo de branqueamento em curso”
A vice-presidente do grupo parlamentar do PS Ana Catarina Mendes atacou hoje o PSD, durante o debate quinzenal com o primeiro-ministro, por continuar, mesmo na oposição, a tentar enganar os portugueses.
Ana Catarina Mendes começou por ironizar que, depois do Congresso do PSD, era de esperar que este partido “tivesse cumprido o que prometeu aos portugueses”. No entanto, acrescenta, “já estamos habituados à falta de cumprimento de promessas”.
“O PSD parece estar mesmo num processo de branqueamento em curso. Vai ao Congresso do PSD dizer que há agora uma nova social-democracia, uma ‘Social-Democracia Sempre’, um PSD que acha que pode continuar na oposição a enganar os portugueses, quando durante quatro anos e meio aquilo que fez foi não cumprir as promessas, empobrecer o país, desgraçar as famílias portuguesas”, criticou.
Porém, a primeira vice-presidente da bancada socialista saudou o deputado Pedro Passos Coelho por conseguir “dizer que há legitimidade democrática nesta bancada governamental”. “Por isso mesmo, bem-vindo à democracia parlamentar”, afirmou, voltando a recorrer à ironia.
Ana Catarina Mendes atacou a posição dos deputados da bancada do PSD quanto a propostas da vida concreta dos portugueses: “Devolução da sobretaxa, o PSD vota contra. Reposição integral dos salários, contra. Aumento do complemento solidário para idosos, contra. Aumento do rendimento social de inserção, contra. Aumento do abono de família, contra. Redução do IMI, contra. Proibição da penhora das famílias, contra”. “Os senhores deputados foram assim governando contra os portugueses” na última legislatura, lembrou, por isso também “já estamos habituados”.
A deputada socialista recordou que, no final do Congresso do PSD, teve a oportunidade de convidar o presidente deste partido a apresentar propostas ao país. No entanto, o PSD apresenta as seguintes propostas: “Reduzir a tributação autónoma sobre o rendimento variável que tome forma de participação no capital da empresa”, ou seja, “benefícios fiscais aos prémios e bónus tipicamente dados aos gestores e aos trabalhadores mais bem remunerados”, e “reduzir em sede de IRS a tributação dos dividendos e das mais-valias para os escalões mais baixos de rendimento (também a definir) para incentivar à poupança”.
Estas medidas do PSD beneficiam “apenas quem vive no mundo virtual das saídas limpas, que atiram para baixo do tapete as realidades verdadeiramente inconvenientes. Mas nesse mundo virtual não vive nenhum português, apenas a bancada do PSD, que já nem tem o apoio do CDS”, alerta.
Ana Catarina Mendes sublinhou, depois, as prioridades do PS: “Apostar no crescimento do emprego, dar valor às pessoas, gerir com parcimónia os recursos públicos”.
“O nosso interesse pelas pessoas não é conjuntural ou instrumental, é mesmo a consequência de um compromisso intransigente com a dignidade” das pessoas, garantiu, lembrando que o primeiro-ministro esteve na Grécia, onde esta “dignidade se joga hoje na tragédia dos refugiados”.
Ana Catarina Mendes terminou a sua intervenção realçando o “orgulho” da bancada do PS “na coragem com que o Sr. primeiro-ministro enfrenta o problema da banca”, enquanto “outros deixaram que a banca trouxesse problemas” e “penalizaram os contribuintes e as PME”.