Em declarações à comunicação social, no Parlamento, Pedro Nuno Santos começou por “lamentar a forma como o líder do PSD decidiu fazer combate político”. “Há várias coisas que não faço, desde logo atribuir ao meu adversário declarações que não fez. Eu, em nenhum momento, disse que não sabia da operação”, vincou.
“A única coisa que eu disse foi que não é o ministro que tem a tutela sectorial [das Infraestruturas] que dá instruções ao ministro das Finanças para comprar ações”, contrapôs.
O Secretário-Geral do Partido Socialista deixou clara a sua posição quanto à opção tomada pelo então ministro das Finanças, João Leão, de comprar 0,24% de ações dos CTT: “Obviamente que sabia e obviamente que concordo com aquilo que foi feito”.
Pedro Nuno Santos recordou que, quando os CTT eram uma empresa pública, “dava entre 50 a 60 milhões de euros de lucro”. Já hoje, depois de ter sido privatizada por um Governo de direita, “dá menos lucro, mas esse lucro é dos privados, não é do Estado”, salientou.
“Era uma empresa que, quando era pública, prestava um serviço de qualidade. A relação que os portugueses tinham com os CTT era uma relação de muito respeito”, reafirmou o líder socialista, comparando com o que se passa hoje: “Os CTT são uma empresa que não cumpre os indicadores de qualidade a que está sujeita. É alvo, muitas vezes, de multas por parte da ANACOM, de muitas queixas por parte dos cidadãos. Hoje os CTT privados não prestam um serviço com a mesma qualidade que prestavam quando eram uma empresa pública”.
“O país e os portugueses não ganharam nada com a privatização, antes pelo contrário”, lamentou Pedro Nuno Santos, que criticou o modo como privatização foi feita: “Estamos a falar de uma empresa que não só teve o serviço postal universal concessionado, como teve também todos os ativos necessários para prestar esse serviço vendidos”.
“A faca e o queijo ficam na mão do privado. Se o privado decidir que não quer prestar o serviço postal universal, o Estado português não tem como o prestar, porque não tem rede. Tinha de construir uma empresa do zero”, sustentou.
Sublinhando que “a forma como esta privatização foi feita fragilizou profundamente a posição do Estado”, Pedro Nuno Santos esclareceu que, “por isso, uma participação do Estado na empresa permitia, de forma mais próxima, acompanhar o cumprimento do contrato de concessão e garantir que era prestado um serviço de qualidade”.
Para o secretário-geral do PS, “a privatização foi desastrosa e lesou profundamente o interesse nacional, o interesse do Estado, o interesse dos portugueses”. Por isso, “o PSD devia pedir desculpas pelo processo de privatização em vez de estar preocupado com 0,24% de ações dos CTT”, defendeu.