PS vota a favor da renovação do estado de emergência “para salvar vidas e a economia”

A deputada do PS mencionou o preâmbulo do decreto do Presidente da República, que confirma que “as medidas duras adotadas ao abrigo do estado de emergência contribuíram para melhorar os indicadores da evolução da pandemia, em especial o risco de transmissão da doença, que regista uma tendência de descida”.

Ora, “a esta notícia animadora soma-se a esperança de termos, em breve, uma vacina segura e eficaz, autorizada pela Agência Europeia do Medicamento, em especial a da BioNtech, em cooperação com a Pfizer, já autorizada pelo Reino Unido”, congratulou-se durante o debate sobre o pedido de renovação do estado de emergência.

E notou a “ironia” pelo facto de esta vacina ter sido desenvolvida por uma “empresa alemã de um casal de cientistas e imunologistas filhos de imigrantes turcos na Alemanha, um país europeu onde a AFD – Alternative fur Deutschland –, uma espécie de irmã do Chega, obtém ganhos eleitorais” com um discurso que “alimenta o ódio contra as minorias étnicas e religiosas”. Por isso, só se pode afirmar que “em boa hora a Alemanha acolheu os pais turcos deste casal alemão, pois graças ao seu talento e competência, teremos acesso a uma vacina”.

Constança Urbano de Sousa referiu no entanto que, apesar destes “dados animadores – a vacina estar mais próxima e já termos, desde ontem, um plano de vacinação –, não nos podemos iludir”, uma vez que “a situação pandémica é ainda grave e não podemos agora baixar a guarda”.

“Mesmo que a Agência Europeia do Medicamento autorize este mês uma vacina eficaz e segura, o processo de vacinação de toda uma população, ou grande parte dela, é muito complexo, faseado e nunca poderá ser realizado em poucas semanas ou poucos meses”, alertou a socialista.

Assim, a vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS garantiu que o país vai “continuar a precisar de medidas de segurança” e as pessoas vão ter de “restringir os contactos ao estritamente necessário”. “Também por isso precisamos de renovar o estado de emergência, para permitir ao Governo manter e adotar medidas que contribuam para evitar a propagação do vírus, salvar vidas e, ao mesmo tempo, não matar a nossa economia, à semelhança do que os outros países europeus estão a fazer”, defendeu.

Nenhum sacrifício é demasiado quando se pode salvar uma vida

Referindo-se ao Natal e à passagem de ano, Constança Urbano de Sousa frisou que “são festas que o vírus desconhece, pelo que temos de ter consciência de que todo o cuidado é pouco, e nenhum sacrifício é demais quando se trata de salvar uma vida humana”.

“Hoje vamos autorizar novamente o estado de emergência para permitir, à semelhança do anterior, medidas restritivas diferenciadas consoante o risco de infeção”, apontou a deputada do PS, que, à semelhança do que disse há quinze dias, sublinhou que “não estamos a suspender a democracia nem a atentar contra o núcleo duro dos Direitos Fundamentais, mas tão só a equilibrar a nossa liberdade com o bem-estar de todos”.

A vice-presidente da bancada socialista mostrou-se confiante de que o Executivo “continuará a usar estes poderes ampliados com ponderação e proporcionalidade. E o Parlamento, mais uma vez, diz presente e participa ativa e democraticamente neste esforço coletivo de luta contra a pandemia, pois não pode fugir nunca à sua responsabilidade de tomar decisões difíceis quando se tata de proteger a vida”.

Constança Urbano de Sousa concluiu a sua intervenção comparando o “facto de em breve termos uma vacina” com a esperança de uma “luz ao fundo do túnel, que nos deve dar força para unirmos todos os esforços para chegarmos a bom porto”.

A Assembleia da República renovou hoje, com os votos favoráveis do PS, PSD e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues, o estado de emergência para enquadrar as medidas de contenção da pandemia de Covid-19. O decreto renova o estado de emergência por 15 dias, com início às 00h00 de 9 de dezembro, até às 23h59 de 23 de dezembro, sinalizando, desde já, um novo prolongamento, até 7 de janeiro, permitindo assim ao Governo adotar medidas abrangendo o período do Natal e Ano Novo.

O Governo vai reunir, em Conselho de Ministros, ainda esta sexta-feira, para aprovar as medidas para as duas próximas quinzenas, que serão anunciadas no sábado.