O presidente da bancada socialista notou, numa conferência de imprensa acompanhado pela vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS Jamila Madeira e pelo deputado Miguel Costa Matos, que na carta enviada à Assembleia da República pelo primeiro-ministro, na passada terça-feira, “há, de facto, uma nebulosa, uma parte que não está esclarecida, mas que não diz respeito à intervenção do senhor primeiro-ministro, mas sim do senhor ex-governador Carlos Costa, em particular do Banco de Portugal, no quadro da sua intervenção no caso BPI”.
Eurico Brilhante Dias citou um excerto da carta enviada por António Costa ao Parlamento: “A 13 de abril [de 2016] o Governo tomou conhecimento de que a engenheira Isabel dos Santos estava a pôr em causa o acordo a que os acionistas do BPI tinham chegado em 10 de abril e soube que tal era resultado de uma intervenção do governador do Banco de Portugal relativa ao EuroBic”.
“Recordo que a 10 de abril de 2016, um domingo, o conjunto de acionistas do Banco Português de Investimento, um banco sistémico do sistema financeiro português, anunciou um acordo entre os seus acionistas para desbloquear uma circunstância que punha o banco no quadro das sanções da União Europeia”, sabendo-se agora que “a 13 de abril esse acordo estava a ser posto em causa pela engenheira Isabel dos Santos por intervenção do senhor ex-governador”, mencionou.
O líder parlamentar do PS acrescentou que esse acordo, “a 17 de abril, ficou sem efeito. E, pelos vistos, por intervenção direta do ex-governador Carlos Costa e do Banco de Portugal”.
Não sabendo o que fundamentou essa intervenção, “num caso que punha em causa a estabilidade do sistema financeiro português”, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista decidiu – “como primeira iniciativa” – requerer “ao Banco de Portugal toda a documentação e informação, quer ao departamento de supervisão, quer a outros departamentos que o Banco de Portugal entenda por pertinente, sobre o processo de intervenção do Banco de Portugal no processo EuroBic e, em particular, na semana entre 10 e 17 de abril de 2016”, disse.
PM negou diligência em favor da idoneidade de Isabel dos Santos
Eurico Brilhante Dias acusou também esta tarde o líder parlamentar do PSD de mentir: “É absolutamente falso que nalguma circunstância o senhor primeiro-ministro tenha admitido ou considerado mesmo, no tempo, qualquer interferência no caso da idoneidade da engenheira Isabel dos Santos”.
“Sublinho, é absolutamente falso: em momento algum o senhor primeiro-ministro disse ou escreveu que teve qualquer interferência no caso em particular da idoneidade da engenheira Isabel dos Santos”, reafirmou.
O presidente da bancada socialista esclareceu que António Costa disse “que tinha um problema que se conhecia sobre o BPI, a estrutura acionista do BPI, e também disse que o banco Banif foi deixado no limite da resolução quando a 1 de janeiro de 2016 os depositantes do Banif corriam o risco de ver os seus depósitos resgatados, cortados”.
