Na entrevista que concedeu na noite passada à TVI e CNN, e durante a qual voltou a deixar claro que o PS é oposição “responsável”, o Secretário-Geral do PS afirmou que “seria um erro” se o novo executivo liderado por Luís Montenegro optasse por não aprovar um orçamento retificativo com “matérias onde há uma posição próxima”.
“Se querem resolver, o PS está disponível para o fazer”, reiterou, manifestando forte oposição a um eventual adiamento desta matéria para o próximo Orçamento do Estado.
De acordo com o Secretário-Geral do PS, a valorização salarial de certos grupos profissionais da Administração Pública obteve um amplo consenso dos vários partidos na campanha eleitoral e “não há razão” para adiar estas respostas.
Um eventual orçamento retificativo “deve estar limitado a estas matérias” para que não se misture depois com o Orçamento do Estado para o próximo ano “que é muito mais do que isto”, disse ainda Pedro Nuno Santos.
Neste ponto, assinalou ter encontrado uma “dose de arrogância” na resposta que Luís Montenegro deu à carta que horas antes lhe endereçara e na qual concretizava por escrito a proposta feita em declarações públicas no sentido de negociar um acordo que, em 60 dias, resolvesse a situação de alguns grupos profissionais da Administração Pública.
Criticando esta atitude que, assinalou, o atual primeiro-ministro “tem manifestado em casos como a eleição do Presidente do Assembleia da República ou o discurso da tomada de posse”, o líder socialista exortou Montenegro a assumir uma posição mais humilde e de acordo com a nova composição do Parlamento.
Negociar soluções sem chantagens
“Este Governo não tem uma maioria que lhe permita ter essa relação com o PS”, atirou, insistindo na possibilidade de avançar com medidas para resolver problemas em matérias comuns e avisando que estas “não devem ser usadas para fazer chantagem com a oposição” no Orçamento do Estado de 2025.
Este documento, pontualizou, não conta com a luz verde socialista, uma vez que se trata de uma “declinação do programa eleitoral da AD” que representa “uma visão para o país” com a qual o PS não concorda, porque está “errada”.
Contrariando reiteradamente as narrativas de pressão que pretendem empurrar para o Partido Socialista a responsabilidade da manutenção da estabilidade política por via da sustentação do Governo de direita, o Secretário-Geral do PS voltou a frisar que o partido está na oposição por vontade popular sufragada a 10 de março.
“O PS perdeu as eleições e fará o seu trabalho enquanto oposição ao executivo da AD, oposição democrática responsável, com propostas que iremos, os deputados socialistas, apresentar no Parlamento”, enfatizou, apontando ser “incompreensível, incorreto e injusto” que se peça ao Partido Socialista “para ser o suporte de um governo que prometeu ao país mudar as políticas socialistas”.
Decisão sobre aeroporto precisa avançar
No capítulo da privatização da TAP, Pedro Nuno Santos foi questionado sobre a possibilidade de o PS chumbar o modelo de alienação integral preconizado pelo PSD.
Na resposta, o líder socialista sustentou que “o Estado deveria manter o controlo estratégico”, reforçando a posição que a este propósito sempre tem defendido.
“Não sei se vai avançar ou não: têm de ter uma maioria para o aprovar”, lembrou.
Já sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, pediu uma decisão “nas próximas semanas”, embora aponte para Alcochete como “a solução mais consistente”.
“Esperamos que o Governo tome a decisão rapidamente”, porque “não há razão para adiar por mais tempo. Já perdemos 50 anos”, rematou.