PS saúda resposta célere do Ministério do Ambiente
“O problema do rio Tejo não é um problema novo e nem o Grupo Parlamentar do PS e nem o Governo acordaram tarde para o problema”, disse o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS, João Torres.
Assegurando que o partido e o Executivo acompanham “esta questão com toda a atenção”, por se tratar de um “foco de poluição grave”, João Torres rejeitou “qualquer tentativa de culpabilização do Governo ou do PS”.
“Nós manifestamos a nossa preocupação, mas temos também de saudar a ação rápida e célere do Governo e do Ministério do Ambiente para fazer frente a este problema”, assinalou João Torres.
O deputado ressalvou, contudo, que “ao longo de vários meses, o Governo tem trabalhado para mitigar e atacar esses problemas”, aludindo a medidas como a construção e remodelação de 21 estações de tratamento de águas residuais, a intervenções de fecho de 26 redes de águas residuais e ainda à instalação de 10 pontos de amostragem no Rio Tejo.
“Penso que os dados que são conhecidos até ao momento apontam que esse foco de poluição resulte, muito particularmente, da acumulação de sedimentos, ou seja de matéria orgânica das albufeiras de Fratel e de Belver, e essa acumulação de matéria orgânica resulta de anos e anos de atividade humana e económica na bacia hidrográfica do Tejo que, atendendo a que o ano de 2017 foi um ano de baixa precipitação e de seca, estão agora a ser libertados”, observou João Torres.
Ainda assim, rejeitou “responsabilizar uma qualquer atividade económica ou qualquer indústria em particular pelo foco de poluição”, falando antes numa “nova realidade do próprio rio”, que terá de ser tida em conta.
Questionado sobre possíveis alterações legislativas para a aplicação de sanções aos responsáveis pela poluição dos últimos dois dias no Tejo, medida proposta pelo PCP, João Torres indicou que os socialistas estão “abertos a todas as alterações legislativas que possam ir ao encontro do desígnio de preservar, de defender e de valorizar os valores ambientais”.
“Penso é que nós não podemos apenas discutir as alterações legislativas na sequência destes focos, que são de maior de gravidade. Essa abertura existe, […] mas este é o tempo de ação”, vincou.
“Tejo não suporta a carga orgânica que está a receber”
Também na sexta-feira, em conferência de Imprensa, o ministro do Ambiente explicou que em consequência das condições climatéricas que se têm verificado nos últimos anos, o rio Tejo não está a suportar a carga orgânica que está a receber.
“O Tejo mudou. Tem menos água, menos capacidade de dissolver a matéria orgânica e não suporta a carga orgânica que hoje está a receber”, disse João Pedro Matos Fernandes, em Abrantes, depois de uma reunião com várias entidades para discutir o estado do rio.
O titular da pasta do Ambiente adiantou que vai ser feita uma limpeza dos fundos das albufeiras, a partir de 1 de fevereiro, com o objetivo de remover sedimentos, e que seis camiões foram mobilizados para, já a partir do último sábado, remover a espuma nas margens do Tejo, junto ao açude de Abrantes.
“Não se resolve o problema da poluição, mas reduziremos em parte o seu impacto visual e impediremos que a mesma poluição proceda para jusante”, acrescentou.
Entre as medidas para diminuir a matéria orgânica presente no rio e nas albufeiras, foi também determinada uma redução de 50% do volume de efluente rejeitado pela empresa Celtejo e o início de um levantamento topo-hidrográfico para determinar a quantidade de sedimentos que é necessário retirar do fundo das albufeiras de Fratel e Belver.
O ministro referiu ainda que a EDP “comprometeu-se a reduzir a sua atividade de turbinamento ao caudal mínimo, conservando a água nas albufeiras enquanto se procede à limpeza de fundos”, o que deverá demorar cerca de um mês.