Já esta segunda-feira, o Secretário-Geral do PS, Pedro Nuno Santos, reforçou a preocupação com a “retórica” do novo Presidente dos Estados Unidos da América sobre deportações, sublinhando que não se pode aceitar de ânimo leve que os portugueses sejam maltratados.
“Há uma grande incerteza sobre o que é que significa esta nova administração nos Estados Unidos da América (EUA) e, portanto, do ponto de vista do risco de deportações, pelo menos do que diz respeito à oratória, à retórica do presidente dos EUA, obviamente que nós temos que estar preocupados e alerta e perceber qual é o risco”, referiu o líder socialista, vincando que “é muito importante” pensar que há muitos portugueses que foram viver e trabalhar fora do país. “Nós não aceitamos de ânimo leve que sejam maltratados ou deportados”, sublinhou.
Falando à margem de uma visita a Barcelos, o Secretário-Geral do PS disse ainda também olhar com “muita expectativa e alguma preocupação” para a política comercial da administração Trump, designadamente em
relação à Europa e aos produtos que os países europeus exportam, lembrando que os EUA “são uma oportunidade muito importante para a indústria portuguesa”. “Por isso, nós esperamos que o Governo português esteja a acompanhar de muito perto os riscos que há de levantamento de políticas, de barreiras alfandegárias à exportação de produtos portugueses para o mercado americano, que é muito importante, porque é uma alternativa a mercados europeus que, como nós sabemos, hoje em dia estão perto da estagnação”, acrescentou.
No requerimento parlamentar, os deputados socialistas recordam que a comunidade portuguesa nos EUA representa mais de um milhão e meio de pessoas, de acordo com o censo de 2020, integrando cidadãos que, ao longo dos anos, se estabeleceram no país, trabalhando, pagando impostos e construindo as suas vidas. Contudo, muitos encontram-se ainda em situação irregular, sendo, por isso, especialmente vulneráveis às medidas de deportação anunciadas.
O fim do Programa DACA, que anteriormente protegeu migrantes que chegaram ao país em crianças, contribuiu para agravar a instabilidade entre os membros da comunidade portuguesa, afetando milhares de famílias. Estas medidas podem levar à separação de membros de uma mesma família e a uma alteração significativa na vida de muitos dos nossos concidadãos, referem ainda os parlamentares socialistas.
O Grupo Parlamentar do PS quer, por isso, saber como o Governo português está a monitorizar a situação, que diálogo tem mantido com as autoridades norte-americanas e com as associações da diáspora portuguesa, e que ações concretas estão a ser desenvolvidas para salvaguardar os direitos e os interesses dos portugueses nos EUA. Pretende-se ainda saber se estão previstos planos de contingência ou medidas de apoio direcionadas a esta comunidade.