home

PS rejeita Programa da direita e apresenta “firme alternativa” para os Açores

PS rejeita Programa da direita e apresenta “firme alternativa” para os Açores

“Este é um programa de Governo mal-organizado, com ideias que se repetem e que se atropelam, um programa que não serve os Açores nem os açorianos”. Prossupostos “mais do que suficientes”, segundo João Castro, líder parlamentar socialista, que justificam “o voto contra do PS”.

Publicado por:

Acção socialista

Ação Socialista

Órgão Nacional de Imprensa

O «Ação Socialista» é o jornal oficial do Partido Socialista, cuja direção responde perante a Comissão Nacional. Criado em 30 de novembro de 1978, ...

Ver mais

Notícia publicada por:

João Castro

Para os socialistas açorianos, discordar do Programa de Governo apresentado pelo PSD/CDS/PPM para esta legislatura, “é não só uma ação legítima”, como neste caso “uma decisão necessária e acertada”, disse o líder parlamentar, João Castro, no final do debate e votação, no Parlamento dos Açores.

Refutando a acusação dos partidos da direita de que o PS está de forma permanente a apostar na instabilidade, João Castro lembrou que os socialistas, discordando do programa governamental que a direita apresentou aos açorianos, têm tanto direito como qualquer outro partido a permanecer fieis aos seus ideais e às suas ideias políticas, acusando a coligação de direita de ser a única responsável por “ter ferido a estabilidade da governação” ao não ter conseguido manter os acordos que então tinha, “provocando a queda do seu próprio Governo”.

Lembrando que o projeto político do PS/Açores é assumidamente diferente do da coligação de direita, um programa, como salientou, que “contou com o voto favorável de mais de 41 mil açorianos”, João Castro deixou a garantia que o PS não deixará de assumir a função que lhe foi atribuída pelos açorianos “de ser o maior partido da oposição”. Insistindo na ideia de que o programa apresentado pela coligação PSD/CDS/PPM, após dois dias de debate, “é um documento de continuidade”, com o qual o PS não concorda, exatamente nos mesmos termos como “não concordou com o apresentado em 2020, nem tão pouco com nenhum dos Planos e Orçamentos da passada legislatura”.

Para o PS/Açores, a “prioridade estratégica”, ao contrário do que pensa e faz a direita, disse João Castro, passaria pela “criação de um mercado interno” que levaria ao desenvolvimento, por exemplo, de “um novo modelo de transporte marítimo”, algo que o PS defende estar por realizar, e que permitiria a criação “um sistema eficaz de transporte aéreo do pescado”, evitando o que está a acontecer, com o “peixe a continuar a ficar retido nas nossas ilhas, como se viu recentemente nas Flores e no Corvo”.

Já quanto à Tarifa Açores, o PS concorda com a medida, realçando João Castro, contudo, que só por si esta iniciativa “não cumpre com a coesão territorial da região”, alertando para a necessidade de se apostar também na mobilidade de pessoas e bens, dentro de cada ilha e inter-ilhas, como com o exterior, desiderato que os socialistas dizem estar igualmente por realizar.

Abandono de rotas

O líder parlamentar socialista lamentou o passo em falso dado pela coligação de direita ao ter deixado cair as rotas marítimas entre a ilha Terceira e a Graciosa, “desviando o Mestre Feijó”, um barco desenhado para fazer as ligações no grupo central, para a rota entre São Miguel e Santa Maria, uma ligação para a qual a embarcação, salientou, não oferece a necessária “capacidade de resposta face à procura”, avançando ainda com reservas quanto à capacidade de fornecimento de eletricidade aos navios elétricos encomendados pelo Governo.

Disse ainda que o PS detetou existiram “diferenças e dissonâncias” entre o programa eleitoral da coligação e o Programa de Governo apresentado no Parlamento dos Açores, afirmando que esta disparidade revela que a coligação de direita “não disse toda a verdade aos açorianos”, dando o exemplo do caso dos agentes culturais a quem foi prometido um regime de apoios “que não constam no Programa de Governo da coligação de direita”.

Outra das “desconexões” detetadas com a realidade neste programa de Governo da direita, salientou ainda João Castro, tem a ver com a proposta da coligação que prevê “voos orbitais e suborbitais”, quando, como lembrou, a região “ainda nem sequer tem um cluster espacial instalado”.

Olhar para a Educação

Outro dos pontos abordados pelo líder teve a ver com a questão da educação, relembrando que para o PS é decisivo que a discussão se centre “no aluno e no seu sucesso”, criticando a coligação por pretender acabar com o Plano Integrado de Promoção do Sucesso Escolar (PROSUCESSO), “substituindo-o por medidas avulsas e desarticuladas”.

Também o combate à pobreza mereceu um reparo crítico do PS/Açores, lamentando não ter sido vertida a “atualização e o reforço da estratégia regional de combate à pobreza e exclusão social”, aludindo que alargar o programa ‘Nascer Mais’ a todos os concelhos dos Açores, por si só, “não resolve a necessidade de um incentivo à natalidade”, justificando ser preciso, paralelamente, “reforçar o desenvolvimento de políticas sociais, económicas e habitacionais para fixar a população”.

João Castro abordou, já no final da sua intervenção, a questão da expansão das Áreas Marinhas Protegidas, criticando a direita por demonstrar pouco ou nenhum interesse em “reavaliar a sua expansão”, ou de querer “encetar um diálogo com as organizações representativas do setor das pescas, como o PS sempre fez”, estendendo igualmente as críticas à área das finanças públicas regionais, lembrando que nos últimos três anos “houve uma acentuada degradação”, que veio a ultrapassar os “3.159 milhões de euros, no final do terceiro trimestre de 2023”, um aumento, como salientou, de “31%, cerca de 754 milhões de euros, em apenas 33 meses”.

O Programa de Governo foi aprovado na Assembleia Legislativa Regional dos Açores, apenas com os 26 votos da coligação PSD/CDS/PPM, a abstenção dos 5 deputados do Chega e dos deputados únicos da IL e do PAN, sendo rejeitado pelos 23 parlamentares do PS e do deputado do BE.

ARTIGOS RELACIONADOS