Há pessoas que marcam para sempre com o seu exemplo, coerência, abnegação e luta pelos direitos humanos, o modo como vivemos hoje. Maria de Jesus Barroso é disto um exemplo. Fundadora do PS, mulher do antigo líder socialista Mário Soares, Maria de Jesus Barroso deixou-nos um legado imenso e uma “marca indelével” na memória coletiva dos portugueses, alguém que António Guterres, secretário-geral da ONU, classificou como “uma grande senhora”, uma “das maiores do século XX” português, destacando o “contributo decisivo que deu na transição para a democracia”.
Para além de António Guterres, que participou nesta homenagem através de uma mensagem de vídeo, foram vários os testemunhos presenciais que marcaram presença na iniciativa, com Elza Pais a destacar o papel determinante que a antiga primeira dama teve na “luta pela democracia”, alguém, como recordou a líder das Mulheres Socialistas, que nunca deixou de ser uma “fonte de inspiração para todos nós”, garantindo que a sua memória “prolongar-se-á além deste tempo”.
A dirigente socialista não deixou de manifestar, contudo, uma profunda tristeza por se estar a comemorar um dia tão especial para as mulheres numa altura em que o mundo assiste indignado ao drama vivido pelas mulheres ucranianas a fugirem da guerra, um conflito que Elza Pais não hesita em apontar como impensável no “século XXI e em plena Europa dos direitos”.
Presente nesta iniciativa das Mulheres Socialistas, a que assistiu ao lado do irmão, João Soares, Isabel Soares recordou a mãe, que morreu em 2015, como um “símbolo para todos”, uma mulher de “fortes convicções e de causas”, como mencionou, e um “exemplo de coragem e luta pela democracia antes e depois do 25 de Abril”.
Referência ética, cívica e política
Também o Secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, marcou presença nesta homenagem, para lembrar os “vários papéis” que Maria de Jesus Barroso desempenhou ao longo da sua vida, referindo o “combate antifascista”, o papel determinante que teve na fundação do PS, mas também enquanto “deputada, atriz, professora, mãe, dirigente associativa, presidente da Cruz Vermelha portuguesa e da Fundação Pró-Dignitate”, entre outras tarefas que desempenhou sempre “com dignidade, uma especial competência e uma grande sensibilidade”.
O dirigente socialista destacou ainda a forma “humanista” como Maria de Jesus Barroso soube encarou a vida e as funções de “natureza institucional que lhe foram confiadas”, deixando sempre “uma marca indelével no espírito e no coração dos portugueses”, uma personalidade que José Luís Carneiro classificou como uma grande “referência ética, cívica e política”.
Para além de Isabel e João Soares, Elza Pais e José Luís Carneiro (Manuel Alegre não pôde estar presente por motivos de saúde), participaram também nesta homenagem os historiadores Fernanda Rollo e António Reis, a jornalista da RTP Fátima Campos Ferreira, entre outras destacadas personalidades que recordaram o percurso de vida da homenageada e os momentos que com ela partilharam.