“O PS, como referencial de estabilidade no país, competia-lhe apresentar uma solução alternativa que permitisse poupar ao país meses de paralisação até às eleições, passando pela indicação de uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado e admirado pelos portugueses, com forte prestígio internacional”, disse, em declarações à entrada para a Comissão Política do partido.
“Penso que era uma alternativa séria face ao atual contexto internacional e às necessidades do país”, reforçou.
Não tendo sido esse o entendimento do Presidente da República, de que o país “devia aproveitar a estabilidade que existe”, optando pela dissolução da Assembleia e por marcar eleições antecipadas para 10 de março do próximo ano, o PS, acrescentou, “respeita a decisão” e “está sempre pronto para eleições”.
O líder socialista e primeiro-ministro disse ainda ter “registado as palavras amáveis” que o Presidente da República lhe dirigiu, fazendo questão de sublinhar, contudo, que o resultado das últimas eleições foi uma vitória do PS sufragada pelos portugueses.
“A interpretação que o Presidente da República fez dos resultados das últimas eleições legislativas foi muito amável para mim, mas a vitória foi do PS e os mandatos na Assembleia da República são do PS. O líder do PS contribuiu para o resultado eleitoral, como cada líder partidário contribui para os resultados eleitorais dos respetivos partidos”, contrapôs.
Garantindo que está “ao serviço do país”, António Costa referiu, depois, que até à formalização pelo chefe de Estado da aceitação da sua demissão, o Governo “está plenamente em funções” e que posteriormente, e uma vez aprovado o Orçamento para 2024, “passa a Governo de gestão”.
Questionado sobre o processo que eventualmente o visará, reiterou não poder acrescentar nada sobre algo que “desconhece em absoluto”.
“No que me diz respeito, aguardarei muito serenamente que alguém me diga se há mesmo um inquérito, se não há e sobre o quê”, acrescentou.
PS tem “qualidade extraordinária” de quadros
Sobre a liderança futura do partido, António Costa sublinhou que, qualquer que venha a ser a escolha dos militantes, o PS pode orgulhar-se em ter uma “qualidade extraordinária em termos de quadros”, com personalidades muito bem preparadas e com uma “grande capacidade executiva”, que contrasta bem com a liderança da oposição.
“Quando eu olho para o líder da oposição [Luís Montenegro] e para vários dos dirigentes do PS, eu diria que damos 10 a zero em experiência executiva e em capacidade de liderança do país”, apontou.
Um processo no qual o ainda líder socialista disse que irá participar, enquanto militante de base, mas sem qualquer outra interferência, até porque, como lembrou, o PS “é um partido republicano onde não há sucessores”.
“Há pessoas que se candidatam à liderança do PS e depois têm o apoio ou não [das bases do partido]. Como sempre disse, expressarei no boletim de voto a minha escolha, mas não terei qualquer tipo de intervenção. Estou certo que o PS, na sua variedade de quadros, gerações, géneros, tem ótimos quadros para assumirem a liderança do partido”, sustentou.