O Secretário-Geral do Partido Socialista, José Luís Carneiro, relançou, ontem, no Porto, o debate em torno do combate à pobreza, acusando o Governo chefiado por Luís Montenegro de estar distraído das reais necessidades dos cidadãos.
Após o encontro com o presidente da Rede Europeia Anti-Pobreza – EAPN Portugal, que decorreu na cidade Invicta, o líder socialista deixou claro que “o PS não abdica desta luta”.
“A justiça social exige compromisso, ação e estratégia”, enfatizou, deplorando que o primeiro-ministro tenha ignorado completamente a questão da pobreza quando fez o balanço da governação, a semana passada, durante o debate parlamentar sobre o Estado da Nação.
“Foi com tristeza que verifiquei que esta prioridade não esteve na agenda política do Governo”, afirmou, aconselhando Montenegro a “concentrar-se nas respostas às necessidades das pessoas” e a “preocupar-se com a habitação, com a saúde, com a economia e, naturalmente, com os indicadores de pobreza e desigualdade”.
Sublinhando que “não são precisos mais fatores de distração da opinião pública”, o Secretário-Geral socialista destacou a posição de responsabilidade perante os desafios do país que o PS tem assumido desde sempre.
“Somos um partido comprometido com o desenvolvimento económico e social de Portugal”, sustentou, lembrando depois a reunião que manteve, no passado domingo, em Guimarães, “com empresários que contribuem para a riqueza do país”, para insistir novamente na necessidade urgente de “pôr a economia a crescer”.
“Vejo com preocupação a incapacidade de respostas do Governo, nomeadamente, aos efeitos das tarifas que vão ser adotadas por parte dos Estados Unidos da América”, reforçou o líder socialista, fazendo notar que ainda não são conhecidas, até agora, quaisquer propostas de apoio ao tecido empresarial português, face à guerra comercial de Donald Trump.
“Preocupo-me com o crescimento da economia e a criação de riqueza no país, mas preocupo-me também com o facto de que essa riqueza que venha a ser criada possa contribuir para ultrapassar as desigualdades”, acrescentou ainda José Luís Carneiro, revelando que o PS irá apresentar, esta semana, propostas concretas para responder a situações de emergência habitacional em vários municípios da área de Lisboa.
Neste ponto, voltou a censurar a ausência de alternativas dignas para populações a viver em construções precárias, frisando que “qualquer intervenção deve obedecer a critérios de humanismo e responsabilidade social”.
“Eu não sou o primeiro-ministro, mas o PS irá apresentar soluções para responder a essas situações de emergência”, rematou.