Na visita que realizou esta manhã a um estabelecimento de ensino do município de Cascais, o Secretário-Geral do Partido Socialista criticou fortemente as ilusões criadas por discursos políticos de ocasião, em época eleitoral.
“Os políticos fazem mal quando tentam criar ilusões, tal como, aliás, este primeiro-ministro e este governo já tinham feito em relação à Saúde, de que este Verão, com um plano de emergência, iria ser melhor do que o ano passado. Foi pior do que o ano passado”, reclamou o líder do PS, criticando que, também na Educação, o plano apresentado pela tutela não tenha gerado melhoras, antes pelo contrário: “Está a ser pior do que o ano passado”.
Ao referir que “o governo anterior já tinha adotado diversas medidas” com vista a melhorar a Educação em Portugal e admitindo que este executivo de direita “tomará, eventualmente, mais algumas”, Pedro Nuno Santos afirmou que “só quando a carreira docente for suficientemente atrativa e quando tivermos os nossos docentes a se sentirem valorizados e respeitados é que vamos conseguir que mais jovens queiram ser professores”.
Perante os jornalistas, o Secretário-Geral assinalou também que “não deve haver, na sociedade, atividade mais importante do que ensinar as próximas gerações”.
“Este é um trabalho que tem de ser fortemente valorizado e, nós todos, há vinte ou trinta anos, sabíamos que os professores eram das personalidades mais importantes da nossa terra”, recordou, lamentando que, ao longo dos anos e por variadas razões, a docência tenha vindo a perder “essa centralidade”.
Questionado sobre os problemas na Educação que se têm arrastado há mais de 50 anos, atravessando diferentes governações, Pedro Nuno Santos fez questão de salientar “que o país deu um salto tremendo nas qualificações” nas últimas cinco décadas de democracia em Portugal.
“Hoje temos um nível de qualificação muito elevado e foi um investimento na escola pública que permitiu isso”, defendeu o líder do PS, para de seguida ressalvar que tal constatação “não quer dizer que não tenhamos problemas”.
Governo de direita agravou os problemas
Rejeitando liminarmente uma equiparação entre as ações governativas do PS e do PSD em matéria de educação, Pedro Nuno Santos apontou que foi o anterior executivo liderado por Pedro Passos Coelho que conseguiu reduzir drasticamente o número de ativos da carreira docente.
“Tivemos um ministro da Educação do governo PSD/CDS que achava que tínhamos professores a mais e foram adotadas várias medidas que levaram à saída da carreira docente de 30 mil professores, entre 2011 e 2015”, registou, assinalando que agora “estamos também a pagar as consequências que o PSD e o CDS tomaram nessa altura”.
Admitiu, depois, haver “um trabalho muito mais de fundo para fazer” e, neste particular, considerou fundamental dar continuidade à estratégia avançada pela anterior governação do PS de estabilização da classe docente e de investimento na escola pública.
Ensino de qualidade para todas as crianças
“Será mais atrativa esta carreira se os professores não andarem anos e anos a mudar de escola”, enfatizou, fazendo de seguida referência à medida socialista que permitiu a fixação de 20 mil profissionais do ensino.
E reiterou o “forte compromisso do PS com o investimento na escola pública”, alertando para as diferenças de prioridade do atual executivo.
“Este governo está já, novamente, a aumentar o investimento no ensino particular”, disse Pedro Nuno Santos, deixando claro que “esse não é o caminho” dos socialistas, porque “o PS quer investir nas escolas onde é mais difícil ensinar e onde é preciso garantir que todas as crianças – sejam filhas de pai rico, pobre, desempregado ou trabalhador –, têm um ensino de qualidade”.
Anomalias e agravamentos das dificuldades deste início de ano letivo à parte, sem esquecer a prometida reposição do tempo de serviço, o líder socialista concluiu que, “muito mais importante do que isto é conseguirmos, todos no país, voltar a dar centralidade ao aluno e ao professor e tornar a carreira docente mais respeitada e mais valorizada”.