PS quer um esforço de entendimento entre todas as “forças democráticas”
“O Plano de Recuperação Social e Económica, cuja elaboração tem merecido uma participação alargada da sociedade, e cujo debate pretendemos aprofundar aqui no Parlamento, não será uma resposta tecnocrática à crise”, mas antes uma “resposta política no sentido mais nobre da política”, capaz de “promover o bem comum, defender o que é de todos, mobilizando a diversidade dos saberes, das competências e das responsabilidade, e também a diversidade dos pontos de vista”, explicou o socialista durante a reunião da comissão permanente, no período das declarações políticas.
Porfírio Silva referiu que o país precisa desta resposta para proteger a saúde, promover o emprego e reforçar a coesão social e territorial, e aproveitou para alertar que este esforço em torno do país tem de vir de “todas as forças democráticas”. “Porque um país se faz de convergências e de divergências, não devemos ter medo nem de umas nem de outras”, asseverou.
O deputado do Partido Socialista defendeu também a importância de um “efetivo diálogo social a todos os níveis, tão urgente, por exemplo, para fazer das novas possibilidades de trabalho remoto um fator favorável à conciliação de vida privada, vida familiar e vida profissional, e não um novo risco para os direitos dos trabalhadores”.
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS avisou depois que não se deve desperdiçar a experiência dos entendimentos à esquerda nos últimos cinco anos: “Tal como não faria sentido que o plano de recuperação fizesse tábua rasa das realizações destes últimos anos, seria insensato desperdiçar a experiência de cooperação estruturada acumulada pela maioria parlamentar das esquerdas”.
“Fizemos uma aprendizagem conjunta, sem ignorar as nossas diferenças, mas fazendo o trabalho de resolver os problemas. Contra o desperdício da experiência, devemos mobilizá-la para fazer o que falta fazer, num rumo claro: melhor economia e uma sociedade decente têm de ir a par”, declarou.
Porfírio Silva garantiu que o Partido Socialista assume e continua a “partilhar a responsabilidade” de continuar a percorrer o caminho que falta fazer, “contra o desperdício da experiência”.
Europa já se desviou das respostas austeritárias
O socialista mencionou depois a resposta que a União Europeia deu à atual crise, considerando que, “afinal, aprendeu alguma coisa com os erros cometidos na anterior crise, e hoje já ninguém responsável assume uma resposta austeritária”.
E “Portugal pode orgulhar-se de ter contribuído para essa evolução”, congratulou-se o deputado, que apontou que o Executivo português também “desempenhou um papel relevante na configuração de uma resposta europeia forte e inovadora”.
No entanto, “a partida não está ganha”, sendo necessário “assegurar que os meios são utilizados com a máxima eficiência” e “combinar produtivamente ferramentas diversas, desde o investimento público ao investimento privado capaz de uma dinamização empresarial que reforce os fatores de competitividade sustentável, passando pelo investimento direto estrangeiro e pela diversificação da economia portuguesa, com um vetor de reindustrialização hoje mais generalizadamente reconhecido como incontornável”, alertou.