Em declarações aos jornalistas, proferidas à saída da reunião que manteve com o presidente do Comité Económico e Social Europeu, Oliver Röpke, na sede nacional do PS, em Lisboa, Pedro Nuno Santos expressou a preocupação dos socialistas com as alegadas novas iniciativas de combate à corrupção avançadas pelo executivo de Luís Montenegro.
Numa primeira avaliação da agenda anticorrupção aprovada na passada quinta-feira, o líder socialista sublinhou que este pacote de 32 medidas “o que tem verdadeiramente de novo são propostas que estavam já no programa do PSD e que são uma cedência deste ao populismo”.
Segundo vincou na ocasião o Secretário-Geral, “ficou absolutamente claro que a prioridade deste governo em matéria de Justiça foi ceder ao populismo, ao Chega e à agenda do Chega, e isso sim é preocupante”.
Neste sentido, Pedro Nuno Santos criticou o facto de o partido que lidera a governação em Portugal estar a “ceder ao Chega em várias matérias”, o que se verificou muito particularmente “neste conjunto de medidas”.
“E, aliás, o líder do Chega congratulou-se e congratulou o governo pelas medidas tomadas”, apontou o líder socialista, frisando que “a colagem do Governo ao Chega é tanto ou mais preocupante porque se trata de matérias-chave para um estado de direito democrático”.
PGR tem de explicar divulgação de escutas
A propósito da abertura de um inquérito a mais um caso de divulgação pública de escutas judiciais, desta feita visando o antigo primeiro-ministro, António Costa, o Secretário-Geral do PS considerou a medida “insuficiente”, defendendo que a Procuradora-Geral da República deve explicações ao país sobre esta nova “violação da lei”.
“Não podemos fazer de conta que não estamos a ter publicitadas na comunicação social conversas que não têm sequer relevância para o processo em causa e que estão a ser reveladas”, afirmou, considerando inadmissível que se dê continuidade a situações como esta, até porque “todos nós temos o direito a perceber o que está a acontecer, como é que pode acontecer uma violação destas”.
Ainda sobre esta problemática, o líder socialista defendeu que a preservação da boa saúde do estado de direito e da democracia em Portugal “impõe que não se pactue com aquilo que está a acontecer”.
PS não embarca na criação de números políticos
Já quando instado a comentar a aprovação da audição de António Costa na comissão de inquérito ao caso das gémeas luso-brasileiras, Pedro Nuno Santos condenou o que denunciou como “uma tentativa de instrumentalização do Parlamento” para a criação de “números políticos”.
Lamentando que a casa da democracia tenha dado luz verde a tal proposta do Chega, o líder socialista sublinhou que a Assembleia da República devia estar concentrada “em dar respostas aos problemas do país”, acrescentando que as comissões de inquérito deviam estar focadas em “fazerem o trabalho” para o qual foram criadas.
“Mas não estarmos sempre à procura de inventar para criar dificuldades, para tentar fazer números políticos que criem dificuldades aos outros partidos”, enfatizou Pedro Nuno Santos, reforçando o voto contra do PS, uma vez que “não faz qualquer sentido” ouvir António Costa quando “não há nenhuma perspetiva da participação do antigo primeiro-ministro nesse caso”.