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PS não aceita destruir o aparelho produtivo nacional

PS não aceita destruir o aparelho produtivo nacional

O secretário-geral do PS afirmou hoje não ver necessidade de rasgar o memorando com a ‘troika’, mas manifestou sérias dúvidas sobre o estado do país em setembro de 2013, no prazo para regressar aos mercados.

O ceticismo de António José Seguro sobre a evolução do país nos próximos anos, se o Governo mantiver a mesma estratégia financeira, foi transmitido num debate promovido pelo International Club of Portugal.

“Não há necessidade de rasgar o memorando. Nós, no PS, estamos aqui para honrar o memorando – e eu estou à vontade porque não o negociei, não o assinei e assumi desde a primeira hora que o honrava, mas isso não me obriga a concordar com tudo o que o Governo faz”, respondeu.

Em defesa das suas ideias de rejeição de uma lógica de austeridade pura e dura, o líder do PS começou por citar posições do primeiro-ministro de Espanha, Mariano Rajoy, que pediu mais tempo para reduzir o défice, mas também do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e de responsáveis do Fundo Monetário Internacional (FMI).

“O presidente da Comissão Europeia quer prioridade ao crescimento e ao emprego e a senhora Lagard [FMI] quer consolidação com crescimento e emprego. Apenas me socorro destes argumentos destes dois altos responsáveis, ou então isto não passa de uma hipocrisia”, comentou Seguro.

Depois, o líder socialista afirmou registar a promessa do Governo português de que seguindo a atual receita Portugal está em condições de regressar aos mercados em setembro de 2013.

“Admitindo como boa essa concretização, a questão que se coloca é em que condições está Portugal nessa altura dos pontos de vista social e económico. Qual o nível de crescimento que teremos em setembro de 2013 para que o país continue a financiar-se e para manter níveis de qualidade de vida, sustentando as funções sociais do Estado?”, interrogou-se Seguro.

“Mas a questão determinante é saber se aceitamos destruir o nosso aparelho produtivo. Isso não aceito”, apontou com firmeza.

Nas respostas a perguntas da plateia, o secretário-geral do PS frisou que se opõe “à extinção de concelhos” e que defende uma reforma global do Poder Local começando por alterar a lei eleitoral, seguindo-se as competências dos municípios e lei de financiamento e, finalmente, a revisão territorial.

Seguro reiterou ainda a sua oposição a uma eventual inscrição de limites para o défice na Constituição da Republica, contrapondo que tal regra pode perfeitamente apenas constar numa lei de valor reforçado.