Perante os jornalistas reunidos na sede da estrutura regional do Partido no Funchal, o líder dos socialistas madeirenses vincou que o que está verdadeiramente em causa neste novelesco processo é a aprovação de uma moção de confiança ao executivo do PSD, que o PS não pode nem vai acompanhar.
“Como sempre dissemos, as negociações foram uma encenação, foram uma farsa”, afirmou Cafôfo, advertindo que “os madeirenses vão constatar que as alterações feitas ao programa foram realmente muito poucas.”
A nova proposta do executivo de Albuquerque, que resulta de conversações com a direita – Chega, CDS-PP, IL – e com o PAN, será debatida e votada sob a forma de moção de confiança esta quinta-feira, 4 de julho, tendo sido entregue esta manhã na Assembleia Legislativa Regional.
O líder socialista criticou veementemente o documento, dizendo que a proposta se mantém “na mesma” após as badaladas negociações, continuando por isso a incerteza sobre o desfecho da votação e ainda sobre o sentido de voto dos partidos na moção de confiança.
“O PS sempre disse que não tinha confiança neste governo independentemente das medidas que fossem inseridas no respetivo programa”, recordou o líder dos socialistas madeirenses, reafirmando que o partido “não pode dar o seu voto de confiança a quem não a merece”.
Na conferência de hoje, o presidente do PS/Madeira aproveitou igualmente para denunciar as reais forças de bloqueio que existem na região autónoma, começando por referir o presidente do parlamento madeirense, o centrista José Manuel Rodrigues, que acusou de estar interessado apenas nas “mordomias” do cargo.
Uma verdadeira máfia tem governado a Madeira
Em segundo lugar, o presidente do PS/Madeira disse que a região está bloqueada e presa a muitos interesses e que estes são “visíveis com os casos judiciais que têm vindo a público”.
“Há uma verdadeira máfia que tem governado a Madeira, são esquemas atrás de esquemas”, reparou, esclarecendo que tal não tem a ver com os empresários, mas com os governantes do PSD, o único partido que tem gerido os destinos da Região.
Também o presidente do executivo, Miguel Albuquerque, é uma força de bloqueio, afirmou Cafôfo, lembrando que o governante do PSD continua arguido num processo que investiga suspeitas de corrupção no arquipélago.
Apesar da presunção de inocência e da vitória nas eleições, Cafôfo recordou que “o voto popular não elimina processos judiciais”, pelo que “a instabilidade tenderá a continuar” com Albuquerque à frente dos destinos da Madeira.
Também o Chega, como apontou Paulo Cafôfo, é uma força de bloqueio na Região, por ser o “partido do não, do nim e do sim”, que diz tudo e o seu contrário para fazer aproveitamento político do caos.
Por último, os socialistas voltaram a denunciar a “manipulação”, a “chantagem” e o discurso do medo a que o executivo madeirense tem recorrido, dizendo que tudo vai parar se não houver programa de governo e orçamento aprovados.
“Se alguma coisa parar, é só por responsabilidade do PSD”, disparou, reafirmando que “quem bloqueia a Madeira de forma propositada não pode ter a confiança do PS”.