Face ao cenário de suspeição de corrupção que impende sobre o Governo Regional da Madeira, com a realização de buscas policiais e a constituição como arguido do presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, o PS apresentou esta sexta-feira uma moção de censura, com o objetivo, segundo o líder parlamentar socialista, Vítor Freitas, de confrontar “todos os eleitos na Assembleia Regional” a decidir sobre o futuro da região, exigindo que seja devolvida a palavra aos madeirenses e porto-santenses com a realização de novas eleições.
Exigindo a demissão imediata do presidente do Governo Regional por ter deixado de reunir as necessárias “condições políticas para se manter no cargo”, os socialistas madeirenses querem agora que a palavra seja de novo devolvida aos eleitores, lembrando que PAN, que é um dos partidos que suportou a atual coligação de direita PSD/CDS-PP, retirou já a sua confiança política a Miguel Albuquerque.
Na quinta-feira, o presidente do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, tinha já defendido a demissão imediata de Miguel Albuquerque, confrontado com a recusa do chefe do executivo madeirense em não querer abandonar o cargo em sequência de ter sido constituído arguido pelo Ministério Público, num processo em que é suspeito de atos de corrupção, insistindo que, “face à gravidade dos factos” que são imputados ao executivo regional, a coligação PSD/CDS-PP “deixou de ter condições políticas de continuar a governar a Região Autónoma”.
Ainda de acordo com o líder socialista regional, a “perda de confiança” dos madeirenses e porto-santenses em Miguel Albuquerque e no Governo que lidera na Região Autónoma “é irreversível”, lembrando que a situação é de tal maneira grave que o processo de investigação levou já à detenção do presidente da Câmara Municipal do Funchal.
Para os socialistas madeirenses, nada do que está a acontecer é novidade, lembrando que os sucessivos executivos da direita que têm governando ininterruptamente a região desde há cerca de 50 anos “têm, de forma sistemática exercido um poder que diariamente viola os princípios da democracia, asfixiando a sociedade madeirense e retirando-lhe capacidade crítica, amedrontando-a com constantes ameaças”.
Para Paulo Cafôfo, a prioridade desta coligação PSD/CDS-PP, “como há muito o PS vinha a denunciar”, sempre foi a de se “servir da Madeira para alimentar os interesses de uns quantos que são os de sempre”, havendo claras evidências, como também salientou, de que esta coligação de direita “há muito que tinha virado as costas aos madeirenses e aos porto-santenses”, garantindo que o PS “está pronto para liderar um novo ciclo de governação na Região”.