Perante a vasta assistência reunida no Parque de Santa Catarina, no Funchal, no passado fim de semana, o líder da estrutura regional do PS sustentou que a “desastrosa” gestão dos incêndios que fustigaram durante quase duas semanas a cordilheira montanhosa madeirense e as polémicas declarações do chefe do executivo da Madeira a este propósito demonstraram claramente que “o prazo de validade” de Miguel Albuquerque na liderança daquela região autónoma “já passou”.
Cafôfo considerou que houve “descoordenação e incúria”, mas “houve também muita falta de postura e sentido de responsabilidade” por parte do executivo regional do PSD na gestão do incêndio que deflagrou em 14 de agosto último, lavrando descontroladamente durante 13 dias.
“Rejeitaram ajuda, ignoraram alertas, desvalorizaram os riscos e descuraram a prevenção. A informação foi contraditória, a comunicação foi desastrosa e as mentiras foram continuadas ao longo dos dias dos incêndios e mesmo depois”, condenou, veementemente, Paulo Cafôfo, criticando também o facto de Albuquerque se ter ausentado da ilha onde o incêndio permanecia ativo, a recusa inicial de ajuda do Governo da República, “os desmentidos sobre a vinda dos aviões Canadair”, o “atraso no acionar do Plano de Emergência” e ainda as “inadmissíveis limitações à ação e à função dos jornalistas”.
Desmentindo categoricamente o discurso oficial de sucesso proferido chefe do executivo regional no rescaldo do incêndio, Cafôfo lembrou que “arderam mais de cinco mil hectares, houve populações deslocadas, um fogo descontrolado e um presidente que voltou para as suas férias”.
Afirmou por isso que Miguel Albuquerque “não tem dignidade para ocupar o lugar para o qual foi eleito”, garantindo que o Partido Socialista, na sua função de oposição, irá “escrutinar até às últimas consequências a ação do governo regional”.
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de apresentar uma moção de censura ao executivo de Albuquerque, o líder dos socialistas madeirenses realçou que a prioridade, para já, é a comissão de inquérito no Parlamento regional, requerida pelo PS ao abrigo do direito potestativo.
“Sem existir a comissão de inquérito e levar com a profundidade que deve ser levada a avaliação daquilo que foi o combate aos incêndios, o Partido Socialista não vai tomar uma posição”, adiantou.
Depois, referiu-se às eleições autárquicas de 2025 como a prioridade e “o grande desafio” do ano político que se inicia.
Neste particular, Paulo Cafôfo vincou que o PS tem de ser exigente nas escolhas das listas, assim como “os madeirenses têm de ser exigentes nas escolhas que vão fazer”, para de seguida garantir que “os socialistas da Madeira saberão apresentar os melhores candidatos e os melhores projetos”.