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PS/Madeira alerta para “tiques do Estado Novo” na Região e defende ser preciso aperfeiçoar a liberdade e a democracia

PS/Madeira alerta para “tiques do Estado Novo” na Região e defende ser preciso aperfeiçoar a liberdade e a democracia

O presidente do Grupo Parlamentar do PS/Madeira alertou hoje, no arranque das jornadas parlamentares dos socialistas madeirenses, para a necessidade de aperfeiçoar a liberdade, a democracia e a cidadania na Região Autónoma.

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Jornadas Parlamentares PS/Madeira

Na abertura das Jornadas Parlamentares do PS, subordinadas ao tema ‘Liberdade e Democracia: Lições de Abril para o Futuro’, que contou com a participação do escritor e ex-jornalista Luís Osório e da ex-deputada, ativista e escritora Violante Matos, Rui Caetano afirmou que “vivemos numa Região onde o espírito democrático ainda não está bem enraizado nos comportamentos políticos”, tendo em conta os quase 50 anos de poder do mesmo partido político, algo a que as pessoas acabaram por se habituar.

“Nós achamos que é preciso aperfeiçoar a liberdade, a democracia e a cidadania na Região Autónoma da Madeira”, de modo a que as pessoas não tenham receio nem medo de ser cidadãos ativos e participativos, referiu o dirigente socialista.

Olhando para a forma como o Executivo de direita governa a Região, Rui Caetano deu conta que há ainda “alguns tiques do Estado Novo”. O líder parlamentar socialista denunciou a “prepotência” como se faz a gestão de muitas políticas e criticou o facto de o Governo Regional não ouvir os partidos de oposição e quem pensa de forma diferente, bem como perseguir muitas vezes do ponto de vista político todos aqueles que ousam confrontar o poder. “Aqueles que têm opiniões diferentes são muitas vezes humilhados na praça pública pelos nossos governantes”, disse, acrescentando que é necessário combater estes comportamentos.

Considerando que Abril não está esgotado e está em constante aperfeiçoamento, Rui Caetano assinalou ainda a importância deste debate, para refletir sobre o ontem, mas também para “perspetivarmos o futuro e tentarmos abanar as nossas consciências”. Dando conta da conjuntura política, económica e social, da guerra e do crescimento dos extremismos, o líder parlamentar do PS advertiu que “a democracia e a liberdade não são um dado adquirido” e que é preciso continuar a lutar e não esquecer todos aqueles que estiveram a pugnar por estes valores de Abril.

Violante Matos: “Na Madeira não há democracia, há voto”

Violante Matos, por seu lado, fez uma retrospetiva da realidade vivida por si própria nos tempos da ditadura, alertando para a necessidade de dar a conhecer às novas gerações o regime opressor de então, de modo a que a história não se repita.

A ativista, que chegou a ser presa, alertou que na Região nada mudou na passagem da ditadura para o ‘jardinismo’ e disse mesmo que “na Madeira não há democracia, há voto”. Violante Matos referiu também que “Albuquerque é o princípio de Maquiavel”, já que “muda qualquer coisinha para tudo ficar na mesma”, denunciando a manipulação e a sonegação de informação e alertando que “é preciso uma propaganda contra este regime”.

A preletora considerou ainda que é preciso dizer tudo às crianças sobre o 25 de Abril, com linguagem adequada, porque “quando não se diz nada, não se conhece”.

Luís Osório: “É uma perda para a democracia quando não há rotatividade de poder”

Outro dos oradores convidados nas jornadas dos socialistas madeirenses, Luís Osório considerou que a ausência de rotatividade de poder constitui uma perda para a democracia.

O ex-jornalista constatou o facto de nestes quase 50 anos a Região ter vindo a ser governada sempre pelo mesmo partido, mas destacou o facto de, em 2019, o PS ter conseguido alcançar um “resultado extraordinário” nas eleições legislativas regionais.

Como afirmou, a democracia vive da rotatividade de poder e, “se não existir a possibilidade de as pessoas poderem mudar o poder, esta [democracia] não existe na sua base”, acrescentando que “alguém que se perpetua no poder durante 40 anos [como foi o caso de Alberto João Jardim] traz sempre em si obra, mas traz também todos os vícios que o poder traz, uma clique de dependência que foi construída”.

O orador entende, aliás, que este constitui um desafio para a oposição, que não pode descurar aquele que é o crescimento económico e as elites, mas tem de estar próxima e “ao lado das pessoas que têm bilhetes que as condenam a não sonhar”.

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