PS lamenta morte de “um nome maior” da cultura portuguesa
A dirigente socialista manifestou, também, consternação pelo “enorme vazio” que o seu desaparecimento deixa na cultura portuguesa, “pela luta que travou na resistência antifascista, pela convicção num mundo solidário e justo, pelo legado que deixa às novas gerações”.
“José Mário Branco é um símbolo na resistência antifascista, um exemplo para a geração de Abril, um cidadão com fortes convicções democráticas, um nome maior da nossa cultura e das nossas vidas. Há dias tristes com notícias que sabemos que um dia virão, mas tentamos sempre adiar no tempo. Como o próprio cantava: ‘Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois’. Uma vida cheia que nos preencheu”, refere a presidente do Grupo Parlamentar do PS, em nota divulgada.
“Como o próprio dizia, ‘contem comigo para cantar e para tudo o resto’. Continuaremos a ouvir e não esqueceremos como a força das suas palavras construiu, também, a democracia”, acrescenta Ana Catarina Mendes.
António Costa: “Não esqueceremos a sua música, a sua inquietação”
Também o primeiro-ministro e Secretário-geral do PS, António Costa, expressou o seu pesar e “profunda tristeza” perante a perda de uma “figura cimeira da música moderna e da cultura portuguesa”, lembrando o seu primeiro álbum, ‘Mudam-se os Tempos, Mudam-se as Vontades’ (1971), como “um prenúncio da Revolução de Abril e de uma obra empenhada e combativa”.
“A erudição musical de José Mário Branco acolheu vários géneros, sem hierarquias, e estendeu-se a outros artistas, com quem colaborou, de José Afonso a fadistas como Carlos do Carmo ou Camané. Não esqueceremos a sua música, a sua inquietação”, referiu.
Nascido no Porto, em maio de 1942, José Mário Branco é considerado um dos mais importantes autores e renovadores da música portuguesa, sobretudo antes do 25 Abril, quando estava exilado em França, e no período revolucionário.
Estudou História nas universidades de Coimbra e do Porto, foi militante do PCP até ao final da década de 60 do século passado e a ditadura forçou-o ao exílio em França, para onde viajou em 1963, só regressando a Portugal em 1974.
A sua vasta obra abrangeu também o cinema e o teatro, tendo sido fundador do Grupo de Ação Cultural (GAC), integrado a companhia de teatro ‘A Comuna’, fundado o Teatro do Mundo e a União Portuguesa de Artistas e Variedades. Colaborou ainda na produção musical para muitos outros artistas, para além de uma notável carreira que se estendeu por cinco décadas.