PS garante que ‘gerigonça’ está para durar e desvaloriza votos contra resoluções da esquerda
“Primeiro dizia-se que o Programa do Governo não seria aprovado na Assembleia da República, depois era o primeiro Orçamento do Estado que não passava – e já passaram três até agora. Nas matérias de fundo, relacionadas com a governação (reposição salarial, mais direitos e investimento público), estamos unidos. A ‘Gerigonça’ está sólida e é para durar”. A garantia é do vice-presidente do grupo parlamentar João Paulo Correia, que confirmou que o PS vai votar contra todas as resoluções sobre o Programa de Estabilidade, incluindo as do BE e PCP.
João Paulo Correia desdramatizou, porém, estas divergências e negou que o Governo e o PS se encontrem isolados em matéria económico-financeira de médio prazo. O socialista falava aos jornalistas no final da reunião semanal da bancada do PS na Assembleia da República, onde hoje serão votadas cinco resoluções apresentadas pelo CDS-PP (duas), PSD, BE e PCP sobre o Programa de Estabilidade (2018/2022) do Governo – documento que ainda este mês é enviado para apreciação em Bruxelas.
“Todos os portugueses sabem que há uma enorme distância entre o PS e o PSD/CDS-PP. Todos os portugueses sabem como seria hoje o país se o PSD e o CDS-PP continuassem no Governo. No último Programa de Estabilidade que apresentaram [em 2015] propunham um corte de 600 milhões de euros nas pensões e a eliminação da contribuição extraordinária para o setor energético, o que iria favorecer a EDP”, disse, não estranhando o voto favorável do PSD às propostas dos centristas. “Foram e são cúmplices”, acusou.
Sobre o Bloco de Esquerda e o PCP, o vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS relativizou, lembrando que a atual solução política tem ultrapassado sempre os obstáculos. “Temos superado com sucesso todas as provas que nos têm sido colocadas. Hoje e no futuro viveremos mais um bom momento da ‘Geringonça’”, rematou.
PS disponível para o diálogo sobre lei da gestação de substituição
Chamado a falar sobre as inconstitucionalidades apontadas pelo Tribunal Constitucional à lei da gestação de substituição, João Paulo Correia reagiu com prudência. “Estamos disponíveis para dialogar um quadro de alterações, mas veremos o que também é proposto pelos outros grupos parlamentares”, afirmou.
“Se houver uma alteração à norma que foi chumbada pelo Tribunal Constitucional, estar-se-á então perante uma nova lei que é devolvida ao Tribunal Constitucional”, clarificou o deputado do PS. “Vamos aguardar. Ainda estamos numa fase muito recente após o chumbo pelo Tribunal Constitucional. As próximas semanas darão novidades nesse processo”, concluiu.