Reiterando profunda preocupação com o teor “desumano” das propostas de alteração às leis laborais avançadas pelo executivo de Luís Montenegro, o Secretário-Geral do PS salientou, ontem, em Mirandela, que um possível recuo da tutela neste assunto seria “uma boa decisão”.
Ao insistir, mais uma vez, na necessidade de assegurar que as leis laborais continuem a proteger os trabalhadores, “em especial os mais jovens, as mulheres e aqueles que são mais vulneráveis no mercado de trabalho”, o líder socialista pediu “consciência” ao Governo, lembrando que o primeiro-ministro pode e deve dialogar com o Partido Socialista sobre estas matérias.
À margem da apresentação do candidato socialista à Câmara Municipal de Mirandela, José Luís Carneiro disse aos jornalistas que tinha percebido em recentes declarações da ministra do Trabalho “a intenção” de “recuar nalgumas matérias e de não acelerar o processo” de revisão das leis laborais, reagindo favoravelmente, uma vez que estão em causa, sublinhou, as questões da parentalidade, como a redução do período máximo de amamentação e o fim dos dias por luto gestacional.
E voltou a reiterar que a juventude e a coesão territorial estão no centro das prioridades políticas do PS, sublinhando que o futuro do país depende de garantir estabilidade, oportunidades e qualidade de vida para todos.
“Estou especialmente preocupado com os mais jovens, porque se queremos fixar os nossos jovens no país – os cerca de 40% de jovens qualificados que saem do país –, não temos de nos preocupar apenas com os salários, mas também com a estabilidade e com as condições de conciliação entre a vida pessoal, profissional e familiar”, sustentou o Secretário-Geral socialista, assinalando tratar-se de matérias “fundamentais para a forma como olhamos para o futuro do Orçamento do Estado”.
José Luís Carneiro reiterou ainda a firme posição do PS contra quaisquer “tentativas de revisão da lei de bases da saúde ou de abertura da Segurança Social a privados”.
Socialistas comprometidos com a valorização efetiva dos territórios
Reiterando que da parte do PS “não haverá cedências na defesa dos serviços públicos”, o líder socialista destacou que o partido tem propostas “claras” e “objetivas” para a melhoria e para a reforma do sistema de justiça, mas também para a “construção de uma nova lei das finanças locais”.
A este propósito, e a um mês das eleições autárquicas marcadas para 12 de outubro, José Luís Carneiro voltou a garantir o compromisso do PS com “uma nova abordagem das políticas públicas para o interior”, centrada na “valorização efetiva dos territórios”.
“Estamos comprometidos com políticas ajustadas à realidade das comunidades locais”, afirmou, defendendo “contratos territoriais de desenvolvimento que identifiquem as necessidades e vulnerabilidades das localidades”.
Neste sentido, destacou ser fundamental gerar garantias de canalização de recursos públicos do Estado suficientes para apoiar os municípios na sua ação, bem como a implementação de instrumentos sociais promotores de “melhores condições de vida nestes territórios”.