Ao discursar na reunião magna em que Sofia Pereira assumiu a liderança da JS, Pedro Nuno Santos destacou o caráter fundamental da juventude “como força de progresso no projeto político”, criticando o Governo da AD por ignorar os problemas das novas gerações.
“Os jovens enfrentam uma realidade insustentável, marcada por habitação inacessível, salários baixos e empregos precários, que os impede de construir um futuro digno”, alertou o Secretário-Geral do PS, que não poupou críticas ao executivo chefiado por Luís Montenegro, acusando-o de estar a governar “marcadamente para uma minoria” e a “ignorar os problemas mais urgentes” que afetam transversalmente a sociedade.
“O PS não aceita este abandono”, apontou Pedro Nuno Santos, reafirmando que “os socialistas estão com os jovens para garantir um futuro com igualdade, direitos e oportunidades para todos.”
Assim, na área da habitação, deixou aos jovens participantes no congresso “o compromisso generalizado deste partido ter um programa agressivo de reabilitação e de construção de casas em Portugal”.
“Num mercado altamente inflacionado, temos de ter a ambição de intervir a sério na habitação”, enfatizou, defendendo a disponibilização de casas “para a população carenciada, mas também para a classe média”.
E considerou vital uma intervenção do Estado neste setor, à semelhança do que acontece na Educação, na Saúde e nas pensões.
Ao saudar a prioridade dada pelos jovens socialistas à problemática da habitação, o Secretário-Geral abraçou um desafio coletivo.
“Vamos trabalhar, vamos garantir que temos mão de obra e vamos construir habitação”, disse Pedro Nuno Santos, entrando depois na polémica em torno de medidas governativas que pretendem excluir cidadãos estrangeiros do sistema público de cuidados de saúde.
País justo e humano não deixa ninguém para trás
Neste ponto, o líder do PS fez notar que Portugal tem meios para combater o acesso fraudulento ao Serviço Nacional de Saúde e que um país decente e humanista não deve negar cuidados médicos a estrangeiros.
“O país não é um país rico”, declarou, admitindo que Portugal não tem “um SNS capaz de oferecer cuidados de saúde ao mundo”, mas tem “meios para combater o abuso” no acesso aos cuidados por parte de cidadãos estrangeiros sem situação regularizada.
Ora, mesmo em caso de “acesso fraudulento” à saúde, o Secretário-Geral do PS sustentou ser necessário proceder à identificação do verdadeiro problema.
“Combater redes de tráfico ou irregularidades não pode ser desculpa para negar assistência médica a quem precisa”, insistiu, avisando que as propostas avançadas pelo PSD nesta matéria “não são razoáveis” por significarem, na prática, “proibir o acesso ao SNS a imigrantes ou estrangeiros sem a situação regularizada”.
“Uma coisa é encontrar formas de cobrar e outra é não sermos sequer humanos”, pontualizou Pedro Nuno Santos, reiterando que o executivo continua a demonstrar “incapacidade para resolver problemas concretos”, preferindo “inventar outros” para “disputar com o Chega o eleitorado de extrema-direita”.
Neste particular, recordou igualmente que o Governo AD se comprometera, desde a primeira hora, a resolver o problema dos imigrantes ilegais, mas que, no processo, não só não resolveu, como gerou “um grave problema para Portugal, ao ter eliminado da lei o conceito de manifestação de interesse”, criando um vazio na lei que dificulta a legalização de trabalhadores quando “o país precisa de mão-de-obra”.
“O que é que o Governo português vai fazer com os milhares de imigrantes que viram os seus processos rejeitados?”, inquiriu o líder socialista, salientando que, “sem novos trabalhadores” o país não estará em condições de executar o Plano de Recuperação e Resiliência.
No seu discurso, Pedro Nuno Santos destacou ainda o papel fundamental da JS no combate ao retrocesso de direitos conquistados ao longo de 50 anos de regime democrático, desafiando os jovens socialistas e a sua recém-eleita Secretária-Geral a combater “a extrema-direita que tem avançado também entre os mais novos”.
“Combater a extrema-direita é também combater o sexismo, o machismo, a homofobia” e “é não dar espaço ao ódio”, disse o líder do PS, concluindo que “um país justo e humano não deixa ninguém para trás”.