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PS e Governo têm “diferenças na filosofia política para saída da crise”

PS e Governo têm “diferenças na filosofia política para saída da crise”

António José Seguro sustentou que socialistas e Governo têm duas visões distintas para Portugal sair da crise, frisando que a sua defesa de um processo de ajustamento “credível” nada tem a ver com facilitismo.

Durante o debate parlamentar sobre o próximo Conselho Europeu, o secretário-geral do PS sustentou que em Portugal, entre os chamados partidos do arco governamental, nunca existiram dúvidas de Portugal cumprir os seus compromissos perante os credores, facto que representa uma “vantagem política face à Grécia”.

“Mesmo que mudasse o Governo, o PS honraria os compromissos de Estado, como é nossa obrigação, mas temos diferenças na filosofia política para a saída da crise e no papel que o Banco Central Europeu deve desempenhar. O nosso campo defende um papel mais ativo do BCE e o seu campo e o de Angela Merkel defende que não é necessário um papel mais ativo do BCE”, advogou.

António José Seguro acrescentou que o Partido Socialista nunca defendeu que o BCE devia financiar a dívida portuguesa, mas sim que o BCE deveria financiar diretamente o Estado Português através de um mecanismo europeu: “Sempre defendi uma mutualização de parte da dívida, sempre defendi que Portugal tenha um programa de ajustamento credível – e a credibilidade tem a ver com o resultado desse programa de ajustamento. Quando defendo mais tempo para a consolidação, taxas de juros mais baixas e mais tempo para pagarmos as nossas dívidas são propostas que sempre defendi”.

Segundo o líder socialista, essa via é defendida pelo PS “não por facilitismo, mas por respeito pelos portugueses e para garantir que o programa de ajustamento de Portugal fosse credível”.

“O que dá credibilidade externa ao nosso país não é a austeridade do custe o que custar. O que resolve é termos credibilidade no nosso programa de ajustamento”, apontou.

António José Seguro referiu, ainda, que se demarca do Governo, porque o PS “olha para as consequências económicas e financeiras”: “O senhor primeiro-ministro apontou uma taxa de desemprego para 2012 de 13,4 por cento, mas estamos em 16,5 por cento. A espiral recessiva que o primeiro-ministro continua a negar, existe de facto no nosso país. Se tivesse havido um ajustamento credível e mais suave, teria havido menos destruição de emprego, menos sofrimento e menos falências”.

O secretário-geral socialista terminou a sua intervenção com uma advertência ao primeiro-ministro: “Não misture e não confunda, porque este é um debate sério e estamos perante uma clara separação política sobre a forma de sair da crise”.

“Aquilo que esta manhã o senhor primeiro-ministro considerou como surpresas, não são surpresas. O desemprego elevado não é uma surpresa, a espiral recessiva não é uma surpresa, mas sim consequências da sua política errada”, acrescentou, dirigindo-se a Passos Coelho.