Falando ao final da noite de sábado, na sede nacional, em Lisboa, após a proclamação dos resultados oficiais das eleições internas, Pedro Nuno Santos começou por saudar todos os socialistas e “cumprimentar os camaradas” que “foram circunstancialmente” adversários, José Luís Carneiro e Daniel Adrião, elogiando o contributo que deram para o debate interno no partido.
“Contamos com eles para a unidade. No PS, fazemos confrontos internos, mas terminados ficamos unidos. Somos um partido inteiro. O PS sempre teve essa capacidade de se unir”, sublinhou.
Na sua intervenção, Pedro Nuno Santos fez ainda uma referência especial, primeiro a Mário Soares, histórico fundador e primeiro Secretário-Geral do PS, que em 2024 faria 100 anos. “É o nosso maior”, evocou, motivando uma prolongada salva de palmas dos militantes e dirigentes que enchiam o salão da sede nacional.
Depois, de saudação ao Secretário-Geral cessante e primeiro-ministro, António Costa, de cujo legado afirmou ter “orgulho” e com cuja liderança esteve “do primeiro ao último dia”, o que gerou um novo e prolongado aplauso.
“Nós não temos tantos políticos com tanta experiência de política nacional, internacional como António Costa”, observou, garantindo que irá, naturalmente, “aproveitar” a sua “experiência, inteligência e sagacidade”.
“É essa estabilidade que nos caracteriza e que também projetamos para o país”, sustentou.
Muito para fazer e orgulho no trabalho feito
No seu discurso, Pedro Nuno Santos defendeu, depois, o legado que é motivo de orgulho para os socialistas, projetando o futuro e o muito trabalho que há ainda para fazer.
“Na saúde, na habitação, há ainda muito trabalho para fazer, há trabalho que começou a ser feito e que só produz os seus resultados com o tempo”, disse.
“O Serviço Nacional de Saúde (SNS), essa grande construção que o povo conseguiu desde o 25 de Abril, foi por nós criado com o voto contra da direita. Não está tudo bem com o nosso SNS, não está. Mas a nossa solução não é desistir dele, não é privatizá-lo ou, como dizem alguns, complementá-lo – complementá-lo com o privado. Não, nós queremos mesmo salvar o nosso SNS, um serviço, público, universal”, declarou. “Nós queremos cuidar do SNS público, universal e tendencialmente gratuito. Esta grande conquista temos de mantê-la e preservá-la”, completou Pedro Nuno Santos.
Referindo-se, depois, ao tema da escolha sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa, uma infraestrutura que será um investimento estratégico para o país, deixou uma nova farpa à direita.
“Há muito ainda por fazer, mas são os socialistas os melhores para o fazer. Nós não inventamos grupos de trabalho em cima de comissões, nós decidimos”, declarou.
Construir um Portugal Inteiro
Na sua intervenção, o novo líder do PS assumiu também a defesa da regionalização. “Tenho muito orgulho na minha origem, tenho muito orgulho em ser do Norte, de a minha família ser do Norte. Há essa cultura de fazer, de concretizarmos, que nós temos na região do Norte que quero trazer para o país todo”, afirmou.
Neste contexto, salientou o dinamismo económico da região Norte. “São homens e mulheres que trabalham e produzem para vender no mundo inteiro. É uma grande região e é um grande exemplo para todo o território nacional”, observou ainda, referindo-se em seguida à regionalização.
“Tenho uma convicção muito plena sobre cada uma das regiões, e as regiões autónomas também estão cá para nos ensinar isso: Falta-nos um nível de poder no país e nós temos de confiar nas regiões e na capacidade de as regiões tomarem os destinos nas suas mãos. Por isso, defendemos a regionalização”, completou.
Estabilidade depende de um PS forte
Pedro Nuno Santos afirmou a sua convicção em “dar um novo impulso” e “uma nova energia” a Portugal, para “continuarmos a concretizar o projeto de social-democracia que o PS tem para o país”. “Nós somos a única plataforma política que concilia o progresso social com o progresso económico”, sustentou.
O novo Secretário-Geral dos socialistas frisou, neste sentido, que é com o programa do PS que quer “chegar à maioria do povo português” nas legislativas antecipadas de 10 de março, salientando que “os portugueses olham para a política à procura de respostas para os seus problemas”.
“É esse o nosso objetivo: tentarmos ter uma grande maioria para conseguirmos estabilidade, para que a solução de governo que venhamos a liderar tenha estabilidade. Essa estabilidade depende de um PS forte, e é isso que nós vamos tentar conseguir ao longo desta campanha junto dos portugueses”, reforçou.
“Nós vamos trabalhar para ter uma grande vitória, vamos querer mobilizar o povo português para ter uma grande vitória. E o nosso discurso, o nosso programa é o programa eleitoral do PS”, concluiu o novo líder socialista.