Em Carregal do Sal, o Secretário-Geral do PS manifestou, esta manhã, a disponibilidade socialista para “unir esforços [com o Governo] no sentido de consensualizar ações que possam ser necessárias tomar, desde logo legislativas”, de modo a materializar, no terreno, o mais depressa possível, medidas assertivas de prevenção e combate aos incêndios rurais.
Falando à margem da visita que realizou à localidade de Laceiras, na freguesia de Cabanas de Viriato, onde arderam uma casa de primeira habitação e um aviário nos incêndios da semana passada, o líder do PS afirmou ser fundamental “fazer as reformas que forem necessárias e continuar aquilo que está a ser feito”.
Lembrando que os incêndios rurais são um “desafio complexo e de difícil resolução”, Pedro Nuno Santos lamentou que, face à tendência de agravamento que se verifica, não tenha sido percetível, nas declarações dos responsáveis políticos a este propósito, “real consciência de que “este é um problema que tem a ver com as alterações climáticas e com o despovoamento do interior”.
Neste sentido, o líder do PS defendeu ser necessário trabalhar em políticas para a limpeza de terrenos e repovoamento, “não como um peso, mas como uma oportunidade de desenvolvimento”.
E voltou a criticar que, em declarações públicas, o primeiro-ministro mostrasse estar focado “apenas num elemento [mão criminosa], que é importante, mas sobre o qual se tem atuado ao longo dos anos”, com o aumento da detenção de incendiários.
Crucial estar no terreno a ouvir população e autarcas
Preocupante, reforçou o Secretário-Geral, é que Luís Montenegro não tenha falado nos outros problemas que afetam as zonas rurais do país, nomeadamente “a prevenção, a reforma da floresta e a necessidade de se intensificar o cadastro e ter políticas para o emparcelamento da terra”.
“Sobre isto não ouvimos uma palavra e isso é preocupante”, frisou, desafiando o chefe do executivo da AD a ir para o terreno: “Importante mesmo era que o primeiro-ministro estivesse estes dias no terreno, a seguir a incêndios duríssimos que atingiram uma grande parte do nosso território, a fazer aquilo que nós estamos a fazer”, atirou o Secretário-Geral, após a reunião que manteve, em Mangualde, com sete autarcas do distrito de Viseu afetados pelos incêndios.
Enfatizando a necessidade urgente de “perceber que há um mundo para trabalhar para lá da mera perseguição ou punição de responsáveis”, o líder socialista apontou que “há todo um trabalho muito importante para fazer”.
Isso, salientou, “era fundamental, até para o desenvolvimento ou o desenho do Orçamento do Estado, perceber, junto dos autarcas, das populações o que é que é preciso fazer”.
Cenário dantesco, falta de meios e coordenação
Já em Baião, Pedro Nuno Santos criticou a falta de meios e descoordenação no combate aos incêndios que lavraram também no distrito do Porto.
“Hoje sabemos que houve várias coisas que não correram bem, nomeadamente aqui no Porto”, disse, referindo que Baião e Gondomar foram “concelhos onde houve claramente falta de meios”.
Em declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos denunciou ter havido “problemas de coordenação”, dando como exemplo o facto de ter havido autarcas do PSD a criticar a ausência e falta de intervenção da ministra da Administração Interna, “que é a responsável política”.
Após reiterar que o Governo não pode “estar sempre a pôr-se de fora daquilo que é a sua responsabilidade”, o líder socialista foi ouvindo, em diferentes pontos, as explicações do que aconteceu nos dois grandes incêndios que, entre terça e quinta-feira destruíram cerca de 6 mil hectares de floresta naquele concelho.
“Estamos a falar de mais de metade da superfície [florestal] do concelho ardida. Foi uma situação de grande desespero, de profundo sofrimento, por isso manifestamos a nossa solidariedade à população e aos autarcas”, declarou, insistindo, mais uma vez, na necessidade imperativa de trabalhar para a prevenção e o combate aos incêndios.