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PS discute segurança com quem sabe que criminalidade não tem nacionalidade nem etnia

PS discute segurança com quem sabe que criminalidade não tem nacionalidade nem etnia

O deputado do PS Pedro Anastácio lamentou hoje que a extrema-direita parlamentar utilize a segurança como um “veículo para acicatar paixões e mascarar os propósitos de quem não vê a criminalidade como um risco social, mas sim como uma condição grupal”, e avisou que é “impossível ser-se contra refugiados sem que se seja também cúmplice com a opressão e totalitarismo”.

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Pedro Anastácio

Pedro Anastácio apontou, durante o debate de atualidade requerido pelo Chega sobre política de imigração e segurança, o “padrão de atuação já conhecido dos portugueses” utilizado pela extrema-direita: “Começaram com as pessoas de etnia cigana, seguiram para os imigrantes, depois para os imigrantes ‘de bem’ e agora reforçam a intensidade do ódio aos muçulmanos e refugiados”.

“E é por atuar assim que sabemos que, quando a extrema-direita fala de segurança, é a própria segurança que está em causa, porque está exposta a sua resposta – a separação e a perseguição”, alertou.

Lembrando que, nos últimos dez anos, “morreram 26 mil pessoas no Mar Mediterrâneo”, o deputado do PS condenou o “aproveitamento político dos sentimentos dos nossos concidadãos quando há apenas uma semana o país lamentou a morte de duas mulheres muçulmanas, assassinadas por um refugiado, que fez o Chega servir-se sem pudor e sem respeito pela dor e sofrimento dos nossos compatriotas para afirmar a sua agenda de ódio, exclusão e ressentimento”.

O socialista frisou que a segurança “constrói-se com a criação de alternativas às redes de traficantes, como as que permitem aos cidadãos entrar de forma legal no país para aqui trabalhar”, e também “com os mecanismos para regularização de cidadãos irregulares no país para que possam estar mais protegidos da exploração”.

Pedro Anastácio deixou depois um aviso: “Não confundimos este debate com qualquer mordaça da correção política para evitar a sua discussão. Distinguimos é a desconsideração das condições humanas que este debate exige e que são assentes na recusa da identificação da criminalidade como pertença a grupo, culto, etnia e na recusa de imputações coletivas de culpa e generalizações gratuitas”.

E vincou que, sobre segurança, os socialistas falam “com aqueles que sabem que a criminalidade não tem nacionalidade, etnia, língua ou estatuto social”.

Ódio não ficará para a história

O deputado socialista salientou em seguida que, “quando falamos de refugiados, falamos daqueles que são também vítimas da perseguição política” e, por isso, “negar a proteção humanitária a estes significa forjar a sua cumplicidade com os piores ditadores”.

Dirigindo-se novamente à bancada da extrema-direita parlamentar, Pedro Anastácio ressalvou que “o Partido Socialista se senta aos ombros daqueles que precisaram também de proteção, porque o seu país os perseguia – os nossos emigrantes dos anos 40, 50 e 60. E antes destes os judeus e tantos aqueles que, por diferentes motivos, buscaram uma vida melhor”. “Imaginamos que o Chega tenha dificuldade em compreendê-lo, sobretudo perto da celebração dos quase 50 anos da nossa democracia”, comentou com alguma ironia.

O parlamentar garantiu que “não será o ódio que ficará para a história num qualquer agendamento oportunista”, mas antes “aqueles que, perante a dor intensa e o sofrimento, escolheram barrar as portas ao ódio e à intolerância com atos maiores, como foi a decisão da Comunidade Ismaelita em acolher no seu seio os filhos do atacante”, algo que o PS quer saudar e enaltecer.

“Uma mãe ou um pai que arriscam atravessar o Mediterrâneo com os filhos ao colo com certeza não nos devem explicações, mas merecem sim o nosso respeito, a nossa solidariedade, a nossa humanidade”, concluiu.

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