Falando na Academia Socialista, numa apresentação intitulada ‘Porque não há democracia sem Estado social?’, João Torres observou que hoje é cada vez mais evidente que “o neoliberalismo tomou conta do maior partido da oposição”.
“Todos nós sabemos que esse aventurismo da direita com a obsessão privatizadora do Estado social terminaria com a ausência desse Estado social. E sem Estado social, não há, para nós, democracia”, defendeu o ‘número dois’ da direção socialista.
Para João Torres, o Estado social constitui um “desígnio permanente” da história do Partido Socialista, “que tem como ideia força o Estado social” e que “protege a democracia”.
“E sempre que nos últimos anos nós reforçamos o estado social, encontramos sempre o voto contra da direita do nosso país que nunca quis fazer parte da solução para os problemas que identificamos, antes quis sempre posicionar-se como parte do problema, manifestando-se sempre e contra as medidas que o PS apresentou”, apontou.
O também vice-presidente da bancada do PS considerou ainda que, nos últimos anos, a direita democrática em Portugal quebrou “uma espécie de compromisso não escrito, um quase consenso que existiu durante as primeiras décadas” da democracia portuguesa, “sobre o caráter e a natureza essencialmente pública do Estado social”.
Rejeitando, também, qualquer complexo do PS em relação ao setor privado, João Torres contrapôs, isso sim, que os socialistas formulam “um juízo crítico sobre a distribuição da riqueza”.
“E quando promovemos essa redistribuição também estamos a reforçar o Estado social e a proteger a nossa democracia”, sustentou.
Na sua intervenção, perante várias dezenas de jovens entre os 18 e 30 anos, João Torres enumerou medidas que o executivo socialista tem tomado, como o aumento do salário mínimo nacional, os passes para menores de 23 anos (anunciados por António Costa na quarta-feira e que entrarão em vigor no próximo ano), ou os manuais escolares gratuitos, classificando-as como exemplos desse reforço do Estado social.
O dirigente socialista fez ainda uma referência à habitação, tema sobre o qual defendeu, igualmente, que “um verdadeiro Estado social não pode abdicar de uma intervenção forte do Estado”.