Na intervenção proferida esta segunda-feira, na Sessão Solene do Dia da Região que se realizou no Parlamento dos Açores, Marta Matos dirigiu-se a todas açorianas e açorianos – “das nossas nove ilhas e aqueles que se encontram espalhados pelos quatro cantos do Mundo, os que partiram, mas não nos deixaram (…) os de berço e aqueles que o são, também, na alma e no coração” – para afirmar a Autonomia e para prestar homenagem.
“A afirmação de uma Autonomia que se manifesta também, mas não só, na possibilidade de uma mulher, de uma mulher do Pico, já nascida em Autonomia, poder, neste dia maior da Açorianidade, falar em nome de muitos e dirigir-se a muitos mais” e homenagear os “Homens e Mulheres que fizeram a nossa História. Açorianos que abriram as ilhas e as ideias. Açorianos anónimos, notabilizados pela gesta de, aqui, resistir, persistir, reconstruir e reerguer, imbuídos de um enorme sentido de pertença e de uma forte consciência de si próprios”.
Atualmente vive-se um tempo desafiante: “Tempo de exigência, tempo de tensão, tempo de questionando-nos uns aos outros, nas convicções, nas mensagens e nos territórios, no fundo, questionarmo-nos a nós próprios na raiz matricial da nossa identidade e da nossa afirmação”. É por isso que, acrescentou a parlamentar, se torna “necessário”, imperativo” e “imprescindível” afirmar “o orgulho nesta Autonomia que dá expressão política à consciência de quem somos e de onde viemos”.
No entanto, como fez questão de realçar, a Autonomia não pode ser reduzida a uma “circunstância histórica e datada”. A Autonomia, defendeu a deputada do PS/Açores, “deve ser encarada com a consciência de que este é o grande legado que a nossa geração recebeu dos açorianos que nos antecederam e com a responsabilidade de que é este o legado que devemos passar à geração dos nossos filhos – E esta é a mensagem, o desafio e a luta que agora, nos cabe travar”.
Apesar de considerar que a Autonomia “é um projeto de sucesso”, que permitiu “alcançar o progresso e o desenvolvimento económico e social das nossas ilhas”, que “reforçou a consciência da unidade e da coesão regionais e de que os Açores são muito mais do que a soma das partes”, Marta Matos defendeu que esse “caminho percorrido não é ponto de chegada, mas sim de partida”.
“Que a nossa Autonomia não seja o pretexto para nos isolarmos do mundo que nos rodeia e não reclamarmos da Europa e do país um tratamento positivamente diferenciado. Que não justifique ignorarmos os desafios e a realidade que permanentemente se altera. Que não legitime a inatividade perante a exigência de ação”, exortou.
Considerando que a Autonomia só existe “em função da sua capacidade de dar resposta aos desafios com que o povo açoriano é confrontado e quer vencer”, Marta Matos defendeu que é preciso “recuperar e manter o inconformismo e a ambição dos que a lançaram”, que é preciso “alargar os nossos horizontes, renovar os nossos objetivos e ampliar a nossa capacidade de intervenção” e é necessário “promover uma cidadania autonomista, chamando os açorianos a participar na definição do futuro da nossa terra”.
Marta Matos destacou a importância de construir a “Autonomia do futuro”, mas apelou à união e coesão entre todos para esse desígnio: “Que o façamos juntos. Com a solidariedade entre todas as nossas ilhas. Com os sotaques, os sabores e as tradições de cada uma. Com a bruma que nos envolve. Como o mar que nos separa e nos une. Com a consciência coletiva da nossa Região. Dessa forma, prestaremos a justa homenagem aos nossos pais e avós. Deixaremos a melhor herança aos nossos filhos”.
“Diz-se que somos as coisas que moram dentro de nós. Pois nós somos, orgulhosamente, Açores”, concluiu.