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PS defende auditoria à resolução do BES antes de comissão de inquérito ao Novo Banco

PS defende auditoria à resolução do BES antes de comissão de inquérito ao Novo Banco

Carlos César revelou hoje, no Parlamento, que o Partido Socialista defende que uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o Novo Banco deve avançar depois de se realizar uma auditoria às circunstâncias em que ocorreu a resolução do Banco Espírito Santo (BES) em 2014.
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No final da reunião semanal do Grupo Parlamentar do PS, o presidente da bancada socialista referiu que é importante perceber como é que todo o processo decorreu “e, nesse sentido, é importante a sugestão feita pelo Governo de uma auditoria relativa a esse período e que nos faça compreender como se chegou a essa altura e por que foi feita a resolução nesses termos viciados”.

Depois, segundo Carlos César, é relevante perceber o trajeto percorrido até aos dias de hoje: “A aprovação da resolução, a primeira tentativa de venda falhada, a segunda tentativa de venda, que foi concretizada, e a sua gestão até à atualidade”. “Nesse sentido, a proposta que foi referida pelo senhor primeiro-ministro de uma eventual constituição de uma Comissão Parlamentar de Inquérito tem também cabimento e, a nosso ver, tem mérito. Isto significa que é importante primeiro termos os resultados da auditoria e, subsequentemente, termos a formação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito”, frisou.

No entanto, o líder parlamentar do PS deixou um alerta: “Atendendo a que estamos numa fase final da legislatura, que essa seria já a quarta comissão de inquérito que estaria em funções e que os resultados dessa comissão de inquérito não seriam exequivelmente obtidos até ao final desta legislatura, é importante que esse inquérito parlamentar sobre o Novo Banco – que tem de existir – só seja formada após os resultados da auditoria, o que nos levará provavelmente a que não seja ainda nesta legislatura a sua criação”.

E esse calendário político tem uma justificação. “É preciso que não aconteça com uma comissão sobre o Novo Banco a mesma coisa que se passou com a Caixa Geral de Depósitos, que não teve conclusões, porque não tinha elementos suficientes”, defendeu.

Anterior Governo escondeu buraco do BES

Perante os jornalistas, Carlos César explicou que “o entendimento do Partido Socialista é que os portugueses compreendem a necessidade de apoiarmos a banca e de não permitirmos que nenhum banco entre num processo de rutura que ponha em causa o sistema financeiro, porque deixar falir um banco ou pôr em causa o sistema financeiro significa a perda de poupanças das pessoas que as têm, significa desemprego, significa mais e mais lesados, significa que ficamos sem instrumentos de apoio à nossa economia, de crédito às nossas empresas, de crédito às nossas famílias”.

“Infelizmente, o atual Governo recebeu heranças muito pesadas de diversas instituições bancárias que estão em muita dificuldade e que o Governo anterior, oportunamente, não as resolveu”, lamentou. O presidente da bancada socialista alertou que, “se elas tivessem sido resolvidas no seu tempo certo, se o Banco de Portugal não tivesse falhado sucessivamente na supervisão e tivesse tido o controlo que devia ter, nós não tínhamos herdado as situações que são tão onerosas para o país”.

Carlos César acusou mesmo o anterior Executivo de direita, em conjunto com o Banco de Portugal, de ter escondido “um buraco” do banco. “Percebe-se também que havia perdas irrecuperáveis que não foram devidamente assinaladas”, atacou.

Assim, “o caso do BES é um caso que se insere um pouco nessa viciação que o sistema bancário viveu”, referiu o também presidente do Partido Socialista.