PS critica CNECV por usar a expressão “racionamento”

A presidente do PS criticou hoje a utilização da expressão “racionamento” no parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e afirmou esperar que o Ministério da Saúde esclareça e acalme os cidadãos.

“Acho que a estratégia de comunicação, que fala em racionamento em vez de racionalização, é o pior que há. O sublinhado no racionamento é extraordinariamente perigoso, sobretudo na presente época, permitindo que as pessoas pensem que o sistema de saúde em geral vai perder as suas características fundamentais”, advertiu Maria de Belém, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.

Segundo a presidente do Partido Socialista, “o direito à saúde é um bem social e o pior que pode acontecer é que se transmita às pessoas a ideia de que estar doente é um peso social, ou que estar com uma doença grave é algo que tem de ser visto ponderando os custos da pessoa, esquecendo completamente os princípios éticos que devem presidir a qualquer decisão”.

“Entendo que é absolutamente indispensável que o Ministério da Saúde tenha em atenção aquilo que preside às decisões em saúde e que acalme as pessoas que neste momento estão muito preocupadas. Eu não quero viver num país onde a mensagem que se transmite é que os velhos são um peso para a sociedade, porque são pensionistas, e em que os doentes são considerados um peso para a sociedade, porque gastam muito dinheiro”, afirmou.

Para Maria de Belém, “o pior que poderia acontecer é as pessoas ficarem com dúvidas de que, pelo facto de serem pobres ou ricas, se atribui diferente dignidade e que o acesso à saúde é restringido em função de situações económicas”.

“Perante o clamor que se levantou, é indispensável que o Ministério da Saúde preste algum esclarecimento e que haja uma clara distinção entre racionamento e racionalização, porque o racionamento em saúde pode ser a pior decisão em saúde e a racionalização, pelo contrário, é um valor que tem de estar presente”, acrescentou.