PS congratula Governo por apostar no multilateralismo na política externa
Durante o debate quinzenal, no Parlamento, com a presença do primeiro-ministro, a deputada do PS Lara Martinho mostrou-se preocupada com o crescimento dos extremismos por todo o mundo e com a falta de confiança das pessoas nas instituições internacionais.
Na mesma semana em que decorre a assembleia-geral das Nações Unidas e duas semanas depois do discurso do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, sobre o estado da União, a socialista frisou que as intervenções dos líderes destas duas organizações têm um tema em comum: “O défice de confiança no multilateralismo, na ordem mundial baseada em regras, e no Estado de direito”.
“António Guterres fala mesmo em ‘perturbação de défice de confiança’ e num mundo cada vez mais inseguro e problemático, e o presidente Juncker refere os perigos do ‘nacionalismo doentio’”, recorda.
Segundo Lara Martinho, “ambos apontam como causas deste fenómeno o crescimento dos extremismos e do populismo, a pouca confiança nas instituições internacionais e a diminuição da cooperação entre os vários países”.
Com António Guterres a convidar os países para um compromisso de reforma do sistema multilateral, Portugal, através do Governo do PS, deu o exemplo ao “afirmar o multilateralismo como um dos eixos da sua política externa, e ao contribuir ativamente para o fortalecimento do papel da Europa no mundo”, congratulou-se.
Lara Martinho aproveitou a presença do primeiro-ministro para felicitar António Costa pela sua recente visita a Angola que, “não deixando de ser um encontro bilateral, é igualmente relevante num âmbito multilateral, quer em termos de aprofundamento da cooperação no seio da CPLP, quer ao nível das relações Europa-África”.
“Se a União Europeia está neste momento a redefinir as relações com o continente africano como prioritárias, a reconhecer África como o continente do futuro e a apostar num acordo de comércio livre entre os dois continentes, então este foi o momento certo para ir a Angola”, garantiu a deputada açoriana, que não deixou de sublinhar que se trata de uma das maiores economias africanas.
Economia portuguesa saiu a ganhar
Lara Martinho lembrou a todas as bancadas que a visita do primeiro-ministro se revelou “um momento alto para a economia portuguesa, com a assinatura do plano estratégico de cooperação, o reforço da linha de crédito de mil milhões para 1.500 milhões de euros e com o novo patamar de relacionamento político institucional”.
“Acima de tudo, foi um momento alto para os muitos milhares de portugueses e respetivas famílias que viveram na incerteza nos últimos meses”, explicou.
“Foi, sem dúvida, um novo marco na parceria e cooperação estratégica entre os dois países e pode servir para alavancar a relação entre a Europa e África, na qual Portugal deve assumir uma posição pioneira do lado europeu e Angola uma posição pioneira no continente africano”, sintetizou a parlamentar.
Uma prova da “mútua vontade política para prosseguir este novo e bom caminho” foi o conjunto de acordos assinados e também a futura visita de Estado do presidente angolano João Lourenço a Portugal, afiançou.
A socialista recomendou ainda às empresas portuguesas para aproveitarem “em pleno estas novas oportunidades que se apresentam”.
No entanto, há situações “bastante mais desfavoráveis”, como por exemplo na Venezuela, onde “centenas de milhares de portugueses e descendentes” vivem uma “situação dramática”, devido ao “agudizar da instabilidade política, económica e social, que já vai demasiado longa, e cujas consequências têm vindo a ganhar proporções alarmantes”.
País continua a crescer, apesar da narrativa da direita
Para além da política externa, no debate quinzenal também se falou sobre os bons resultados económicos do Governo, com a deputada Jamila Madeira a frisar que Portugal cresce sustentadamente desde 2016 e em convergência com a zona euro.
A socialista recordou que este resultado “foi conseguido com todo o esforço e empenho” do Governo e dos portugueses, que “estão de parabéns”. E tudo isto apesar da “narrativa” dos partidos de direita PSD e CDS-PP, que, durante dois anos e meio, disseram “que em 2016 [o país] cresceu menos que em 2015”. Ora, “os últimos números do INE dizem precisamente o contrário”, atacou.
Em suma, o país está melhor e “os portugueses sentem no seu dia a dia a devolução dos rendimentos, o crescimento do emprego e a retoma da confiança, tudo isto sempre conseguido com boas contas públicas, com credibilidade nacional e internacional, e nunca deixando de investir na administração pública e no estado social”, apontou Jamila Madeira.
Com o dia mundial do turismo a ser celebrado amanhã, a parlamentar sublinhou que “o turismo tem dado um importante contributo líquido para o desenvolvimento do país desde há décadas”.
“Hoje Portugal está na moda e, por isso, o turismo é a indústria da moda no nosso país, contribuindo para o eclodir de novos negócios e de desenvolvimento em todos os cantos de norte a sul”, afirmou.
As receitas turísticas representam já cerca de 7,8% do PIB; ainda assim, “sabemos que o crescimento do turismo tem em si um forte impacto nas importações de bens e serviços, levando a uma erosão na balança externa”, alertou.
Por isso, a deputada Jamila Madeira defendeu que “muitas atividades poderiam – e deveriam – ser desenvolvidas no sentido de substituir muitas importações, diferenciando com isso ainda mais o nosso produto turístico”.