PS comemora 40º aniversário de adesão à Internacional Socialista
O Partido Socialista realizou ontem, na sede nacional, uma sessão comemorativa que assinalou os 40 anos da adesão à Internacional Socialista.
Mário Soares, que foi o primeiro a usar a palavra, lembrou todo o processo que conduziu há 40 anos a Acção Socialista a aderir, em 1972, à Internacional Socialista e fez memória dos movimentos ocorridos contra o regime. Salientou a importância que teve o apoio financeiro dos sociais-democratas alemães ocidentais e suecos nos primeiros anos de vida do PS.
Numa excelente intervenção, o ex-Presidente da República lamentou que os democratas portugueses, espanhóis e gregos tenham sido “traídos” após a II Grande Guerra Mundial pelas democracias ocidentais, que, na época da Guerra Fria, preferiram continuar a apoiar o regime de Oliveira Salazar.
O atual secretário-geral da Internacional Socialista, Luís Ayala, falou sobre o crescimento da sua organização, que disse contar com a filiação de 169 partidos em todos os continentes, quando, em 1972, ano em que os socialistas portugueses aderiram, eram apenas 32, maioritariamente pertencentes à Europa. Recordou a luta da Internacional Socialista pela democracia e liberdade e referiu que “os portugueses estiveram na primeira linha desta luta da democracia em 1972”.
“Há uma narrativa conservadora da crise que deve ser desmontada”, afirmou Ayala, acrescentando que “temos de apostar no crescimento da saúde, educação e emprego”.
Luís Ayala também apelou à participação conjunta na Internacional Socialista: “Temos de ter uma Internacional Socialista que seja de todos, todos devem participar”.
António José Seguro iniciou a sua intervenção afirmando que é “um orgulho para todos” ouvir as palavras de Mário Soares. Defendeu que a crise que afeta a sociedade não se pode resolver sem solidariedade. “O PS nunca perdeu a perspetiva da solidariedade. A solidariedade é matricial na nossa família [política] ”, disse.
O secretário-geral do PS considerou ser muito importante que a União Europeia adote rapidamente “respostas robustas” contra a crise. Apontou o exemplo de França, com a eleição de François Hollande, como ponto de viragem na Europa. Porém, “não chega”.
Seguro disse que o grande desafio da Internacional Socialista “é o de se saber se é capaz de, em unidade, responder aos problemas graves mundiais”.
Durante a sessão, o secretário nacional do PS para as Relações Internacionais, João Ribeiro, leu mensagens de dirigentes de outros partidos da Internacional Socialista, que enviaram felicitações ao PS pelos seus 40 anos de presença na organização.
George Papandreou, presidente da Internacional Socialista, destaca na sua mensagem que o Partido Socialista de Portugal teve um papel crucial na implementação da democracia no nosso país, assim como noutros países membros da União Europeia. Foi uma força política criativa na formação dos tratados e da política europeia.
Sergei Stanishev, presidente do PES, lembrou que, em 1972, o seu país [Roménia] vivia um regime comunista, enquanto em Portugal se lutava contra uma ditadura. Felicitou, por isso, todos os que deram o seu contributo para que hoje possamos viver num mundo totalmente diferente.
O secretário de Relações Internacionais do Partido Democrático Trabalhista (Brasil) e vice-presidente da Internacional Socialista, Carlos Eduardo Vieira da Cunha, considerou que esta foi “uma oportunidade ímpar para reafirmar os laços históricos de amizade” entre os dois partidos.
O Secretário Nacional para as Relações Internacionais do Partido Socialista francês, Jean-Christophe Cambadélis, evocou aqueles que, sob um regime ditatorial, foram a força motriz que levou à Revolução dos Cravos, à democratização do país, à sua modernização e à integração no espaço europeu, em poucos anos.
Por fim, Sigmar Gabriel, presidente do SPD (Alemanha), sublinhou o “contributo extraordinário” que o PS tem dado para o desenvolvimento democrático e socialismo justo, no contexto da integração europeia.