Intervindo no encerramento das comemorações de mais um aniversário do PS, iniciativa que abriu com uma mensagem vídeo do presidente Carlos César, o líder socialista, depois de saudar os fundadores, presentes e ausentes, e de falar sobre a “natureza e a identidade” do partido, reclamou para as comemorações dos 50 anos do partido, em 2023, “um grande momento de reencontro do partido com a sua História”, recorrendo depois às palavras de Manuel Alegre, quando defendeu que o PS, “como grande partido nacional e popular”, tendo sido fundado no exílio, em 1973, na Alemanha, foi “verdadeiramente na luta do povo português para firmar a liberdade e a democracia a seguir ao 25 de Abril de 74” que foi “refundado”.
Na sessão comemorativa, na Gare Marítima de Alcântara, para além de muitos dirigentes, deputados e militantes do PS, marcaram também presença os presidentes, o atual e o anterior, da Assembleia da República, respetivamente, Augusto Santos Silva e Eduardo Ferro Rodrigues, com António Costa a garantir que o compromisso que tem, enquanto Secretário-geral do PS, é o de “preservar o ‘Stradivarius’ para que no futuro alguém o tome na mão e possa continuar a fazer aquilo que este partido deve fazer”.
Advertindo que os partidos “não são eternos”, lembrando a propósito o desaparecimento ou a irrelevância política em que “algumas forças políticas irmãs dos socialistas portugueses” se transformaram, António Costa lembrou que também o PS passou já por “momentos de grandes dificuldades e por algumas derrotas”, mas que o otimismo que “sempre fez parte da História do PS” permitiu-lhe, por exemplo, como assinalou, que os 8% que Mário Soares tinha nas sondagem para a Presidência da República, em 1986, se tivessem transformado numa grande vitória eleitoral, sendo esse otimismo uma força sempre presente e que tem vindo a ser transmitida “de geração em geração”.
Um grande partido da Democracia
Antes, na abertura da sessão, tinha já usado da palavra o dirigente José Manuel dos Santos, presidente das comemorações dos 50 anos do PS, que recordou o primeiro líder, Mário Soares, e as circunstâncias da fundação do partido na cidade alemã de Bad Munstereifel, tendo na ocasião referido que o surgimento PS em 1973, entre outros benefícios para o país e para o povo português, veio “quebrar com a tese da ditadura”, que então defendia que “entre o regime e o comunismo não havia mais nada”, ao mesmo tempo que contrariou também a tese do PCP que, pelo seu lado, “defendia que entre eles e o fascismo também nada existia”.
Na sua intervenção, José Manuel dos Santos referiu-se também aos 50 anos da publicação do livro ‘Portugal Amordaçado’, de Mário Soares, tendo sustentado que as comemorações dos 50 anos do PS, em 2023, embora devam ser assinaladas, como defendeu, “de forma própria e autónoma”, não podem, em qualquer caso, “permitir que se perca o alcance dos 50 anos do 25 de Abril, nem os cem anos do nascimento de Mário Soares, que ocorrem em 2024”.
Os militantes socialistas puderam ainda ouvir uma breve intervenção da historiadora Fernanda Rollo, membro do Conselho de Administração da Fundação Mário Soares e Maria Barroso, que recordou o percurso da Acção Socialista Portuguesa (ASP), antecessora do PS, tendo considerado que este é um partido “feito de experiências e de resistências diversas”, com uma “inscrição liberal que recua até ao século XIX”, sendo que no período democrático, como recordou, o PS “esteve presente em todos os momentos da História contemporânea de Portugal”.