Em entrevista à Rádio Renascença, no programa “Hora da Verdade”, conduzido em parceria com o jornal ‘Público’, o líder socialista garantiu que o PS está focado e confiante na vitória na próxima batalha eleitoral de 12 de outubro.
“O Partido Socialista joga para ganhar. E eu vou jogar para ganhar as eleições”, disse, destacando que “o PS apresenta-se ao eleitorado com candidatos de qualidade reconhecida e enraizados nos territórios”.
“Estou convencido de que o Partido Socialista vai ganhar as eleições autárquicas. Entendo que os candidatos do PS são os melhores candidatos. Todos os partidos dirão o mesmo, todos os líderes partidários dirão o mesmo, mas eu conheço bem o país e, no conjunto da representação autárquica, há uma marca de proximidade, de simplicidade, de cultura de transparência, que tem de ser prosseguida”, afiançou.
Sublinhando que os socialistas não concorrem apenas para manter posições, mas para reforçar a sua força em todo o território, José Luís Carneiro assinalou que os socialistas concorrem focados na vitória.
“Ganhar é termos mais votos, mais câmaras municipais, mais assembleias municipais, e mais juntas de freguesia”, disse, garantindo tratar-se de um objetivo político e eleitoral que está ao alcance do partido.
Numa referência à renovação geracional nas autarquias, recordou que “estamos a mudar de ciclo”, uma vez que “há cerca de 50 autarcas do PS que concluem os seus 12 anos de mandato e, portanto, é mesmo uma mudança de ciclo”.
“Por isso entendemos que é tão importante termos nas câmaras municipais perfis de liderança que ajudem a concretizar os objetivos de desenvolvimento do país”, referiu.
Fragilidades da extrema-direita estão à vista
Ainda neste capítulo, o líder do PS aproveitou para afastar receios sobre um eventual impacto da extrema-direita no panorama local.
Endurecendo o tom, José Luís Carneiro lembrou que o partido de André Ventura apresenta candidatos sem ligação às comunidades e demonstrou a contradição de deputados recém-eleitos se candidatarem a autarquias.
“O Chega tem fragilidades muito grandes. É um partido que vai buscar 35 deputados que há dois meses e meio tomaram posse na Assembleia da República e dois meses e meio depois estão a apresentar nos tribunais as suas candidaturas às câmaras municipais”, criticou, avançando com duas leituras possíveis: “ou estão a ofender a confiança que os cidadãos depositaram neles ou não acreditam na vitória nas eleições autárquicas”.
Sobre a falta de ligação territorial, acrescentou que outra fragilidade da extrema-direita é ter “autênticos paraquedistas que caem nos territórios sem qualquer tipo de relação com este e as comunidades locais”.
“Descobri agora que na junta de Santa Maria Maior, em Lisboa, os candidatos que aparecem por esse partido vieram de várias paragens, de várias origens. É uma fragilidade política muito grande”, exemplificou, aproveitando para reforçar a linha vermelha do PS quanto a alianças.
“A nossa posição é clara e ficará expressa nesse compromisso que será subscrito no próximo fim de semana, na Convenção Autárquica: candidatos nossos que estabeleçam acordos com eleitos do Chega perderão a confiança política do PS”, afirmou.
PS quer contribuir para a estabilidade mas rejeita retrocessos
Sobre o Orçamento do Estado para 2026, José Luís Carneiro reiterou mais uma vez que os socialistas estão disponíveis para contribuir para a estabilidade, apontando, porém, que essa disponibilidade tem limites bem definidos.
“Temos uma posição que é clara em relação à proposta de Orçamento. Queremos contribuir para um clima de estabilidade política, mas esse clima tem de significar uma atitude de responsabilidade da parte do Governo”, disse.
De seguida, apontou três áreas fundamentais onde os socialistas não admitem retrocessos: legislação laboral, lei de bases do Serviço Nacional de Saúde e natureza pública da Segurança Social.
Neste ponto, o Secretário-Geral do PS foi particularmente crítico com as propostas de revisão da legislação laboral que têm sido adiantadas.
“São de uma profunda desumanidade. No fundo, significa liberalizar os despedimentos”, alertou, acusando a extrema-direita de estar a instrumentalizar o processo.
“Há aqui, de facto, um cavalo de Troia estimulado por interesses que querem debilitar os sindicatos, desvalorizarem os direitos laborais com a justificação de que o Governo melhorou a sua proposta”, alertou.
Ainda sobre esta matéria, José Luís Carneiro garantiu que manterá diálogo com os parceiros sociais e que acompanhará as iniciativas da CGTP e da UGT, aguardando pela apresentação da proposta do Governo a 10 de outubro, mas alertou o executivo para a escolha que tem pela frente.
“O Governo vai ter de decidir se quer ficar no colo do Chega ou se quer viabilizar a proposta do OE com o contributo do PS”, rematou.