O dirigente socialista assegurou, durante o debate requerido pelo PSD sobre a privatização da TAP, que o Governo está a tentar “salvar a companhia” e contrapôs que não se trata de “um debate de ‘gente decente’”, como referiu o deputado social-democrata Paulo Moniz, mas sim de “um debate promovido por gente que mente”.
Carlos Pereira notou que o deputado do PSD “resolveu fazer uma espécie de linha do tempo sobre o que se passou com a TAP”, mas “ocultou um conjunto de informações que eram relevantes”.
“O senhor deputado referiu que, em 2015, era muito urgente privatizar a companhia, porque tinha resultados negativos de 217 milhões de euros”, apontou o vice-presidente da bancada do PS, que acrescentou: “Ora, aquele parceiro de vão de escada que os senhores encontraram para privatizar a companhia, entre 2018 e 2019, havia prometido 220 milhões de euros de lucro”, mas “tivemos um buraco de 400 milhões” na TAP.
“Não só não tivemos lucro, como tivemos prejuízos de 160 milhões”, frisou Carlos Pereira.
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS afirmou que a “urgência era tanta” que o primeiro-ministro da altura, Pedro Passos Coelho, “negociou essa privatização em pré-campanha, fez o acordo já tinham acabado as eleições, [o PSD] acabou por não ser Governo, fez tudo à 25ª hora, num gabinete às escuras”. “Todos sabemos o que isso significa do ponto de vista da transparência do processo, quando sabia que nesta Assembleia havia partidos que eram contra essa privatização”, como foi o caso do Partido Socialista, vincou.
Carlos Pereira pediu, por isso, à bancada do PSD para “definir de uma vez por todas o que querem fazer com a TAP”, lembrando que esta é “a resposta mais importante que os portugueses têm que saber”.
Ora, os social-democratas “não querem ter responsabilidade do ponto de vista daquilo que são as opções governativas do país”, ressalvou.
Acusando o PSD de nunca ter tido um projeto para a companhia aérea, Carlos Pereira salientou que “a TAP tem um impacto significativo no país e teria um impacto sistémico negativo se caísse”. Por isso, o Governo do PS “optou por aguentar essa mesma companhia”.
PS sempre defendeu a importância de ter um parceiro estratégico na TAP
O vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS disse também que, com este debate, os deputados do PSD “seguem a linha de atuação ‘made by Luís Montenegro’”, fazendo lembrar “o que aconteceu nos anos 2016 e 2017 com a Caixa Geral de Depósitos”.
Ora, “houve um plano de reestruturação negociado pelo Governo português”, mas, durante a negociação, “Luís Montenegro, Passos Coelho e toda a bancada do PSD” puseram até em dúvida a existência da recapitalização do banco.
“Nós percebemos o que os senhores estão a fazer, porque fizeram a mesma coisa com o plano de reestruturação: enquanto não estava aprovado, fizeram figas para que o plano de reestruturação da TAP não fosse aprovado por Bruxelas. Mas ele foi aprovado por Bruxelas, há um percurso a caminho para poder salvar a companhia”, destacou.
O Partido Socialista “nunca mudou de opinião sobre a importância de ter um parceiro estratégico na companhia. Essa importância será sublinhada nos próximos tempos e faremos tudo para não fazermos o que os senhores fizeram – ter um parceiro de vão de escada que fez da companhia aquilo que sabemos”, concluiu.