Isabel Ferreira denunciou, durante o período das declarações políticas no Parlamento, esta quarta-feira, a “forma enganosa” e pouco séria com que o Governo comunicou o número de vagas de acesso aos cursos de Educação Básica e Medicina. Segundo os dados do Concurso Nacional de Acesso, “pela primeira vez em seis anos não aumenta uma única vaga em Medicina”, disse a vice-presidente da bancada socialista, explicando que “o aumento que houve é referente exclusivamente às vagas para estudantes internacionais”.
No entanto, “o comunicado do Governo relativo às vagas de acesso à Educação Superior em 2025 revela que há um aumento significativo de vagas nos cursos de Educação Básica e Medicina, verificando-se também, globalmente, o número mais elevado de sempre de lugares disponíveis no Concurso Nacional de Acesso”, lamentou. Para a socialista, “esta não é uma forma séria de comunicar números, como é apanágio deste Governo e do ministro da Educação, em particular”.
“A política de vagas deste Governo é lamentável, mas igualmente lamentável é a forma como este ministro apresenta e divulga números, sempre de forma propagandista e não confiável”, atacou.
Governo desaproveitou investimento de 30 milhões no PRR
Isabel Ferreira recordou que o anterior Governo do PS “lançou no PRR, no final de 2023, um investimento de 30 milhões de euros para as escolas médicas” com o compromisso de aumentar vagas. No entanto, “este Governo decidiu desaproveitar este investimento e, em vez de aumentar as vagas do Concurso Nacional de Acesso em prol de todos os contribuintes, encaminha o investimento para os estudantes internacionais”, criticou.
De acordo com o ministro da Educação, Ciência e Inovação, estas vagas “permitirão a cobrança de propinas elevadas aos estudantes estrangeiros”, o que levou a vice-presidente da bancada do PS a considerar este pensamento “uma visão mercantilista do ensino superior”.
Questionando se o governante tenciona “transformar Portugal num país exportador de médicos, quando o nosso SNS tanto precisa deles”, Isabel Ferreira alertou para a importância de a Direção-Geral do Ensino Superior divulgar “os números exatos de vagas e de colocados nos regimes especiais de Medicina em 2024, para se poder fazer uma comparação rigorosa”.